Recontar, com humor, a história do Brasil a partir de personagens típicos da nossa história foi a motivação que levou o ator e diretor Ederson Miranda, 30, a escrever “A Hora do Brasil: Uma Chanchada Nacional”. Depois de figurar, em janeiro, no teatro da Funarte, o monólogo volta, neste fim de semana, aos palcos da capital mineira – mais precisamente ao teatro Francisco Nunes.
No espetáculo, Miranda incorpora tipos genuinamente brasileiros, como o caipira, o índio e o escravo, cujas versões da história contrastam com aquela chamada de oficial. “A ideia é trazer vozes cuja representação a gente não encontra nos livros”, explica o ator.
No texto, escrito em parceria com Felipe de Moraes, a trajetória do país é contada linearmente, da recepção dos portugueses pelos índios, passando pela escravidão, até chegar os tempos atuais. Tudo, é claro, com muita ironia. “Eu queria trabalhar com a chanchada porque é o típico humor brasileiro, dos tipos do povo”, pontua.
Porém, o espetáculo não reforça os estereótipos, mas os desconstrói. O índio, por exemplo, não é o inocente que vive na floresta. Ele faz troça da cara dos padres jesuítas e mostra ter uma cultura muito mais sólida que a dos europeus.
Divertindo-se com as diferentes perspectivas, o monólogo tenta recuperar uma dívida histórica. “É quase uma vingança, porque o povo não é bonzinho: ele tem o seu posicionamento”, afirma Ederson Miranda.
Após 30 apresentações de “A Hora do Brasil”, o autor acredita ter chegado ao texto definitivo. “Por ser um monólogo, dá pra ir acertando aos poucos”, conta. Agora, ele diz que irá, pela primeira vez, apresentá-lo três vezes seguidas – e sem alterações.
Serviço. “A Hora do Brasil: Uma Chanchada Nacional”. Hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 19h, no teatro Francisco Nunes, no Parque Municipal (av. Afonso Pena, s/nº, centro). Ingressos a R$ 10 (preço único).