REFLEXOS

Desastres no Sul podem impactar preço de seguros para beneficiários de todo país?

Setor segurador deve atingir número recorde de pagamento de indenizações por causa da tragédia no RS; prejuízo poderá ser rateado com clientes

Por Nubya Oliveira
Publicado em 08 de maio de 2024 | 14:51
 
 
 
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Os desastres naturais provocados pelos temporais no Rio Grande do Sul - que já deixaram 100 mortos e diversos danos - estão afetando, dentre outros setores, o mercado de seguros. Diante dos estragos de residências, veículos e de outros bens, espera-se que o segmento alcance um número recorde de pagamentos de sinistros, o que - futuramente - poderá impactar a todos os beneficiários. É que, como forma de mitigar os prejuízos, as seguradoras poderão rateá-los com os clientes. 

“Geralmente o impacto atinge todo mundo, porque o seguro é feito com base no princípio do mutualismo entre os participantes. Porém, isso depende do planejamento de cada seguradora na região. Mas, entende-se que todos poderão ser afetados futuramente. Inclusive, a tendência é que as seguradoras sejam ainda mais acionadas ao longo dos próximos dias,” explica o head de seguros na iHUB Investimentos, Bruno Saraiva.

A respeito da possibilidade de as seguradoras reajustarem o preço nesses casos de aumento da demanda, como no Rio Grande do Sul, Bruno destaca que isso não é permitido. “Elas não podem aumentar o preço dos serviços, visto que são riscos calculados e comprados por elas. Portanto, o sinistro é devido, caso o serviço tenha sido contratado anteriormente. Evidentemente, que de acordo com as condições gerais e regras contratuais, os serviços podem ter algum reajuste no momento da renovação do contrato.”

Questionado se é recomendado que o beneficiário acione o seguro imediatamente ou que aguarde a contabilização das perdas, Bruno afirma que o melhor caminho é acionar o sinistro assim que possível. “Porém é necessário ficar atento ao prazo para requerimento após o acontecimento. O seguro de carro, por exemplo, é de no máximo até um ano. Quanto antes acionar, melhor é. Mas é bom também procurar um corretor de confiança e entender melhor as coberturas contratadas junto a apólice,” explica. 

Balanço 

A Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) ainda não conseguiu contabilizar o número de solicitações e o total de indenizações que deverão ser pagas aos beneficiários. Conforme a entidade, os problemas de infraestrutura no estado impactam a evolução dos atendimentos e a coleta de dados. Um balanço parcial está previsto para a próxima sexta-feira (10/5). 

Já a Confederação Nacional de Municípios (CNM) afirmou que, até essa terça-feira (7/5), os prejuízos financeiros superaram a estimativa de R$ 4,6 bilhões, com o registro de 99,8 mil casas danificadas ou destruídas no estado gaúcho. Os dados são parciais, já que ainda há cidades submersas, e podem aumentar exponencialmente à medida que o nível da água começar a baixar. Conforme a confederação, o setor da agricultura foi a área privada com maior valor de prejuízo, estimado em R$ 435 milhões.

Medidas 

A CNseg informou que, por causa da situação no Rio Grande do Sul, fez um apelo às suas associadas para que prorroguem os contratos de seguros de todos os segmentos cujos vencimentos ocorram entre 1º e 10 de maio, com a expansão desse prazo se aplicando também aos boletos emitidos com vencimento neste período, sem prejuízo do atendimento da cobertura dos contratos. Até o momento da divulgação do comunicado, 16 seguradoras já tinham aderido a solicitação e anunciado medidas adicionais. 

Seguro catástrofe

A CNSeg informou que, em audiência pública na Comissão Especial sobre Prevenção e Auxílio a Desastres e Calamidades Naturais da Câmara dos Deputados, realizada em 17 de abril deste ano, apresentou suas propostas para ampliar a resiliência das cidades e das áreas rurais, acelerar respostas para socorrer vítimas e atividades econômicas dos extremos climáticos e repor a infraestrutura dos municípios.

Uma das sugestões apresentadas foi a criação do Seguro Social de Catástrofe. Segundo a entidade, trata-se de um instrumento financeiro para amparar vítimas de desastres provocados por inundações, alagamentos e desmoronamentos. Mediante pagamento entre R$ 2 e R$ 3 cobrado na conta de luz, o cliente terá direito a uma indenização de R$ 15 mil por residência e mais R$ 5 mil por óbito, que será pago por meio do PIX, para garantir celeridade e recursos livres para as vítimas dessas tragédias. 

 

 

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