gastronomia

Influencer faz sucesso ao avaliar salgados no Centro de BH: 'vou hablar'

Jorge Valença conquistou 50 mil seguidores ao mostrar sinceridade em suas resenhas gastronômicas em locais populares

Por Cinthya Oliveira
Publicado em 04 de maio de 2024 | 06:00
 
 
 
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Talvez você ainda não conheça Jorge Valença e o bordão “e aí, BH? Cês tão bom?”, mas certamente os donos e gerentes de lanchonetes e restaurantes do Centro de Belo Horizonte já sabem quem é o rapaz - que faz sucesso nas redes sociais avaliando salgados, lanches e pratos feitos. Há empresários que sonham em vê-lo fazendo uma avaliação positiva de seus produtos, enquanto outros temem as críticas cheias de sinceridade do influencer.

Por sinal, o vídeo mais curtido de Jorge em toda sua timeline é aquele em que ele, secretamente, filma os xingamentos recebidos pelos funcionários de uma pastelaria que havia recebido uma avaliação ruim. “Toda vez em que passo lá tem alguém me chamando de lixo. Mas eu ignoro”, conta Jorge, que tem mais de 30 mil seguidores no Instagram e quase 20 mil no TikTok, todos ansiosos por resenhas gastronômicas sobre comidas para lá de populares. 

O segredo do sucesso dele está em não aceitar permuta ou contratos de publicidade - como boa parte dos perfis de gastronomia das redes sociais. É Jorge quem paga por todas as refeições avaliadas, graças aos Pix feitos pelos seguidores. Ele faz questão de mostrar sinceridade nas avaliações, que abordam desde a temperatura da comida ao molho de pimenta oferecido pela casa. Se não está bom, ele “habla” mesmo. 

“Pessoal de lanchonete me procura para ir lá gravar, pergunta quanto vou cobrar. Mas não posso aceitar. Se o pessoal que me segue desconfiar que aceitei um pagamento, perco todo o meu engajamento. O pessoal que me acompanha quer sinceridade”, explica o influencer de 35 anos, que está expandindo o foco das resenhas para além do Centro da cidade.

Confira um dos vídeos de Jorge Valença:

@jorgevalenca.jpg #restaurante #comida #belohorizonte #foryou ♬ som original - Jorge Valença

Recentemente, ele fez uma peregrinação por barracas de cachorro-quente em Venda Nova, região em que mora, e avaliou a comida do entorno da Arena MRV, na região Noroeste de Belo Horizonte. "Mas a maioria do pessoal gosta mesmo é dos vídeos nas lanchonetes do Centro", reconhece.

Crescimento orgânico

O trabalho de influencer nasceu naturalmente e de forma surpreendente. Durante a Copa do Mundo de 2022, Jorge foi conferir uma promoção em um restaurante da capital mineira e sua esposa deu a ideia de gravar um vídeo. “Eu não queria de jeito nenhum, mas ela me convenceu e eu postei despretensiosamente. No dia seguinte, quando eu vi, o vídeo tinha 30 mil visualizações”, lembra. 

A partir dali, ele começou a publicar um vídeo por dia no Tiktok. Mas foi no Instagram que ele bombou de verdade, ganhando público semana a semana, de forma orgânica. “Publico vídeos todos os dias. Não deixo de postar, para não cair o engajamento”, explica. 

Até novembro do ano passado, Jorge trabalhava no setor de planejamento de uma empresa de call center, no Centro da cidade. Os vídeos eram feitos durante o intervalo para o almoço, degustando diversas comidas do entorno. Algumas boas, outras bem ruins. “Não vou sempre ao lugar em que sei que é bom, porque os vídeos sobre comida ruim são os que mais me dão engajamento. Mas tem que ver que é uma questão de gosto. Tem lugar que me falam que é ruim, mas quando chego acho bom. E tem lugar que me falam que é bom, mas eu acho ruim”. 

Os vídeos viralizaram e não foram bem aceitos por todo mundo da empresa em que trabalhava - afinal, o crachá dele acaba aparecendo em algumas imagens. Em novembro passado, Jorge acabou demitido e decidiu investir no trabalho de influencer digital - embora ainda esteja buscando caminhos para monetizar as produções.

Como ele não aceita permutas ou convites para publicidade, até o momento a rentabilidade com as redes sociais vem dos Pix feitos pelos seguidores. “Com esse dinheiro, eu pago pela comida e algumas contas de casa”, garante. 

A expectativa dele é conseguir vencer um concurso de influenciadores da Loja do Galo, que promete uma remuneração de cerca de R$ 10 mil por mês. E Jorge tem duas coisas a seu favor nessa disputa: ele realmente usa camisas do Atlético em praticamente todos os seus vídeos e um número consistente de seguidores fiéis. 

Jorge está trilhando um caminho próprio, sem se preocupar em fórmulas de sucesso. Antes do sucesso nas redes, wele seguia apenas um perfil dedicado a comidas: o Baixa Gastronomia, do jornalista Nenel, que possui 610 mil seguidores no Instagram, mostrando as delícias dos botecos de BH. "Foi muito legal quando vi que ele me seguia! Agora estamos conversando, marcando de gravar em alguns lugares".

Influencer Jorge Valença

Os vídeos de Jorge Valença no Centro de BH são os favoritos dos seguidores

Companheira de trabalho

A esposa de Jorge, Jaine Oyakawa (mais conhecida entre os seguidores como A Morena), também participa de todo esse processo de construção de carreira como influencer. É ela quem está com Jorge em quase todas avaliações gastronômicas e quem assume a resenha dos doces - já que ele é diabético. Também é ela quem acrescenta produtos de origem oriental aos vídeos. 

“Ela também tem feito vídeos. Ela é mais tímida do que eu, mas muito mais competente, ela se comunica melhor. Pessoal gosta muito do meu conteúdo por causa da autenticidade, porque a única coisa que eu tenho é autenticidade. Ela tem mais carisma”, diz ele sobre a Morena. 

E como fica a saúde de um diabético, comendo tantas comidas lotadas de carboidrato e gordura? Jorge garante que está atento à saúde. “No dia em que vou comer muito em algum lugar, eu me cuido ao longo do dia, como apenas salada”, garante.

 

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