A Consol Engenheiros Consultores admitiu ontem que houve uma falha no projeto do viaduto Gil Nogueira, na avenida Pedro I, em Belo Horizonte. O dono da empresa, Maurício de Lana, afirmou que os cálculos foram feitos corretamente, mas que o erro aconteceu no momento de transferir a informação para o desenho. Ele, no entanto, salienta que o problema seria detectado se a execução da obra tivesse sido mais bem feita. Para fazer o complexo de viadutos da avenida Pedro I, a Consol cobrou R$ 3,5 milhões, e a Cowan, R$ 170 milhões.
“O aparelho de apoio (anéis de borracha que ajudam a absorver o impacto do tráfego) tinha que ficar debaixo das vigas longitudinais, mas ficou um pouco para fora, o que aumentou o esforço. O cálculo foi feito corretamente, mas, na hora da transcrição, o desenho ficou com dimensão maior que o vão específico. Com isso (o aparelho de apoio) ficou mal posicionado”, afirmou Lana.
Em nota, a Construtora Cowan S/A, responsável pela execução, informou que tomou conhecimento do problema nos aparelhos de apoio em 12 de fevereiro, durante uma reunião com representantes da prefeitura. A empresa diz que foi informada de que não haveria riscos de queda e que planejou as obras de correção.
Já a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) afirmou que conhece o problema desde o fim de 2014, quando foi identificado, em vistoria de rotina, o afundamento de 2,5 cm do viaduto. A Sudecap explicou que o problema não foi identificado na vistoria feita após a queda do viaduto Batalha dos Guararapes, em julho do ano passado, pois naquele momento a estrutura não havia apresentado nenhuma movimentação. A superintendência não deu detalhes de como foram feitas essas vistorias.
Prefeito. O prefeito Marcio Lacerda confirmou ontem que o problema deve estar no projeto da obra e disse que a população não vai arcar com nenhum custo. O político ainda justificou que suspendeu o trabalho de fiscalização das obras que manteve com a Consol até 2013 porque não estava satisfeito com o serviço.
Outros viadutos. No último ano, outros dois elevados da avenida apresentaram problemas. Em fevereiro de 2014, o Montese foi interditado por causa de um deslocamento de 30 cm.
Ministério Público quer informações
Viaduto A. 0O Ministério Público vai chamar Consol, Cowan e Sudecap para prestar esclarecimentos sobre o viaduto A, na próxima semana. A promotoria também vai pedir que o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas (Crea-MG) analise as obras. O objetivo é identificar o responsável.
Guararapes. Na próxima semana, a promotoria deve cobrar da prefeitura uma ação para ressarcir os gastos com a obra do viaduto Batalha dos Guararapes, seja por meio da construção da trincheira ou de outra obra.
Vistoria. A promotoria vai recomendar à prefeitura a realização de nova vistoria nos sete viadutos do conjunto.
A Polícia Civil tem até 4 de maio para entregar o inquérito sobre a queda do viaduto Batalha dos Guararapes, mas ele pode ser finalizado antes, ainda em abril. Já foram pedidas duas prorrogações à Justiça. O motivo seria a complexidade do inquérito, que tem 1.200 páginas – 80 pessoas foram ouvidas.