Uma rápida passada de olhos no cardápio do jantar já é suficiente para se deixar seduzir por opções pra lá de atraentes, como o peixe fresco na brasa com versões de milho e jiló defumado ou o steak acebolado com aligot de Canastra. Para o almoço, a situação não é muito diferente. De tal modo que, não raro, o cliente se flagra indeciso entre pedidas como o copa lombo glaceado ou o frango na cerveja servido – em ambos os casos, servidos com guarnições que remetem o comensal àquele gostinho singular de comida feita em casa, com todo o afeto possível no momento do preparo. Acompanhamentos essenciais, como o arroz com feijão, assim como a verdura refogada, a batata ou mandioca frita e, como não?, farofa, vêm a reboque. Todos servidos em panelinhas.
“Quando a gente vai almoçar em casa, com a nossa família, a panela com a comida fica mesmo é na mesa. A ideia, aqui, foi justamente trazer essa experiência para o restaurante”, diz Caio Soter, sobre o menu servido especialmente no almoço do Alma Chef. O restaurante é um dos que passaram a se destacar ainda mais na cidade após aderir ao menu executivo, que, no caso, inclui prato com cinco guarnições mais salada de entrada – e tudo a um preço fixo. A boa da hora é que, apesar de a fórmula não ser necessariamente nova, os menus nesse formato estão adquirindo contornos cada vez mais atraentes.
Sem mistério
No Alma Chef, pode-se dizer que os ingredientes são simples – aqueles, do dia a dia mesmo –, mas os pratos são preparados “com a melhor técnica possível, não só para que o sabor se sobressaia mas também para que a apresentação fique caprichada”, explica o chef, que preza pelo preparo caseiro e afetivo – a ponto de já ter feito uma cliente se emocionar no momento em que levou à boca uma colher com o feijão preparado por lá.
Práticos e pensados justamente para o rápido intervalo do almoço, o menu executivo também fisga o cliente pelo preço fixo e, geralmente, atrativo, uma vez comparado ao cardápio vigente do estabelecimento. Caio ainda conta que o prato servido com guarnições – que alteram a cada semana para não cansar o paladar do cliente – custam de R$ 32 a R$ 49, com entrada. Com uma calculadora, pode-se comprovar que esses pratos podem reduzir a conta até pela metade se comparados ao cardápio à la carte.
É com receitas típicas do dia a dia, mas com preparos que exploram técnicas bem elaboradas na cozinha é que o Alma Chef quer que o cliente conheça a proposta gastronômica de lá e, assim, seja fisgado à primeira garfada já com data marcada para retornar além da refeição diurna.
Sazonalidade
Mas o restaurante não está sozinho. Com ele, vários outros endereços na capital mineira prezam por essa fórmula no almoço – que engloba geralmente entrada, prato principal e até sobremesa – e que funciona justamente como uma maneira de divulgar a casa e, claro, incentivar para que o cliente ao retorno. “O executivo é uma proposta interessante desde que seja bem trabalhada e não ofusque a identidade do restaurante”, explica do chef Rodrigo Almeida, do restaurante italiano Un’Altra Volta, que criou o cardápio especial de primavera para a temporada.
A iniciativa é uma forma de aproveitar a sazonalidade dos ingredientes, sem perder a essência da casa. Por isso, as opções da temporada incluem insumos frescos, como camarões, pescada e atum divididos em sugestões de entrada, prato principal e sobremesa – tudo a R$ 59. “É dessa forma que conseguimos esses ingredientes a preços mais acessíveis e, assim, reduzimos o custo desse cardápio.
A sazonalidade também é o que difere o menu do restaurante Dorsé. O menu executivo contempla o prato do dia com entrada – entre as mais aclamadas está o ceviche de banana a R$ 25. “A sazonalidade dos ingredientes é a nossa saída, pois garantimos insumos sempre com bons preços. Unimos o preço justo com a qualidade e ainda com entrega rápida”, disse o chef Elmo Barra que garante que o prato principal é servido em cerca de dez minutos após a entrada.
O restaurante, que chega a fazer até fila na hora do almoço ao longo da rua Sapucaí, no bairro Floresta – zona leste de BH–, acredita que a fórmula vai além de comer bem e com agilidade. “Acho que as pessoas cansaram de self-service só pelo ato de comer e exigem, agora, uma apresentação ao prato bem como frescor e sabor. Isso está cada vez mais valorizado”, acredita Elmo.
Casas de gastronomia sofisticada também oferecem executivos
Ao olhar no menu executivo o valor fixo de R$ 89 pode não parecer tão acessível para investir diariamente. Mas o salão do sofisticado restaurante Gero – que fica dentro do hotel Fasano – não mente: geralmente está cheio de clientes, apesar do cardápio “mais salgado”.
O chef da casa Fábio Jobim justifica. “O preço do menu inteiro, com entrada, prato principal e sobremesa, custa praticamente só um prato do menu à la carte, servido à noite”, explicou. A ponderação faz sentido, uma vez que a pedida do menu executivo significa uma economia até considerável. Só o ravióli de galinha d’angola com creme de burrata custa R$ 77 no jantar e, durante o almoço, está incluída no menu completo a R$ 89 e, vale dizer, nas mesmas proporções bem-servidas.
A seleção de receitas que compõem o menu executivo também é feita com cuidado, é o que garante o chef. Entram opções como carpaccio com rúcula e parmesão, risotos, rabadas e, de sobremesa, crepe de doce de leite com casca de laranja e sorvete de baunilha. Tudo servido em um intervalo de tempo que dura, em média, 45 minutos.
“Esse cardápio fixo foi criado para trazer o público para conhecer a casa e, assim, querer voltar para ter uma experiência no jantar, com mais calma”, elenca o chef.
É também a mesma proposta do premiado Vecchio Sogno que apresenta ao cliente pratos contemporâneos. No almoço, o duo da entrada mais o prato principal custa R$ 79 prontos numa média de 25 minutos. “Há anos ele tem justamente essa proposta para o cliente que quer ser atendido com mais agilidade”, explicou o chef Ivo Faria.
Mesmo com a rapidez, a qualidade se mantém fiel à proposta refinada da casa. “Têm pratos que são muito bem aceitos no executivo e que vão para menu à la carte. As porções não são menores e prezamos pelo mesmo padrão”, garante o chef, que, com essa fórmula de cardápio, consegue trabalhar também receitas variadas que andam de mãos dadas com a sazonalidade dos ingredientes.
Onde ir:
Alma Chef
R. Curitiba, 2.081, Lourdes. (31) 2551-5950. Menu executivo: pratos com guarnições de R$ 32 a R$ 49, com salada de entrada.
Vecchio Sogno
R. Martim de Carvalho, 75, Santo Agostinho. (31) 3292-5251. Menu executivo: R$ 79 com uma entrada + uma opção de prato principal.
Dorsé
R. Sapucaí, 271, Floresta. (31) 3327-8516. Menu executivo: prato do dia + entrada R$ 25 ou cortes especiais com guarnição de R$ 24 a R$ 47.
Gero (Hotel Fasano)
R. São Paulo, 2.320, Lourdes. (31) 3500-8970. Menu executivo: entrada, prato principal e sobremesa por R$ 89.
Un’Altra Volta
R. Grão Mogol, 627, Sion. (31) 3245-0959. Menu executivo: entrada, prato principal e sobremesa por R$ 59.