Créditos para o gênio não identificado que viu potencial em colocar uma queijo derretido entre duas fatias de pão e batizou de queijo-quente. A versão mais conhecida desse sanduíche se popularizou por volta de 1930, quando o norte-americano Otto Frederick Rohwedder criou uma máquina que cortava o pão em fatias iguais – o pão de forma.
Mas ledo engano que pensa que esse clássico sanduíche não tem calibre suficiente para se reinventar. Afinal, em território mineiro, onde o queijo é produzido de forma artesanal, não faltam opções pra recheio. O “boom” da panificação artesanal no Estado, que envolve processos de longa fermentação e o uso de variados ingredientes, também colabora para as versões incrementadas da receita. No Café Magrí, por exemplo, a iguaria é preparada com brioche de longa fermentação da Madre. “Uma vez sobrou umas fatias do brioche que era vendido aqui no café. Com receio de envelhecer, sugeriram fazer um sanduíche. Testei com requeijão de raspa e nunca mais tirei do cardápio”, conta Marília Balzani, proprietária da casa, sobre o item que já é o mais vendido. Por lá, o queijo-quente ainda é arrematado com flor de sal e acompanha mel de florada silvestre “para dar contraste a boca”.
Quem quer pão? No Glória Café, o mel também está presente para dar um toque adocicado e moderado na finalização do queijo-quente elaborado pela Helena Machado. O contraste fica por conta da textura dos dois queijos usados na receita: um fresco e, outro, curado, de produtores diferentes das cidades de Araxá e de São Roque.
Helena explica que, um dia, uma cliente apresentou à ela o pão Petrópolis. “Ela se sentou aqui no balcão do café e sugeriu fazer o queijo-quente com esse pão, que ela mesmo produzia em uma fabriqueta chamada Trem de Oz”, rememora. Os testes provaram que o pão macio, levemente adocicado e com uma casquinha dourada era, de fato, o mais adequado para executar a sua versão. “Fazemos ele no forno, pra deixá-lo douradinho”, conta.
Mais simples, mas nem por isso menos apetitosa é a versão que Maíra Sette prepara no Copa Cozinha, no Mercado Novo, que preza pelo café-da-manhã afetivo. Ela elegeu o pão sovado da Bagueteria Francesa, em BH, junto ao queijo meia-cura para que o sanduíche tornasse uma espécie de assinatura do menu. “Não abrimos mão da frigideira bem quente e com muita manteiga para deixar a casquinha do queijo bem torrada”, diz.
Já o pão sourdough – denominação inglesa para aquele feito com leveduras selvagens –, que ainda leva grãos, foi o eleito no OOP Café. Vem recheado com requeijão em barra cremoso – em doses absurdamente generosas –, pimenta-do-reino moída na hora, mel e manjericão. Esse ingrediente é responsável por dar “um brilho diferente à receita”, conta Tiago Damasceno, barista e proprietário da cafeteira. “Sempre tivemos esse sanduíche no cardápio, como um desejo nosso. Para a gente, é uma comida muito ‘confortável’, que passa a mesma coisa que o café”, emenda.
Ele revela que, por lá, os pães são selados na chapa. “O azeite deixa o pão tão crocante quanto usar manteiga, mas o retorno dos clientes com o óleo foi ainda melhor”, revela. Unanimemente, todos que reproduzem a receita à sua maneira, defendem que um bom queijo-quente parta da escolha dos ingredientes para que a receita saia do “trivial” para o “fundamental. “Assim como nos preocupamos com a origem e fornecedores do café, pensamos bem os ingredientes para o sanduíche. É obvio que faz toda a diferença na degustação”, acredita Tiago.
Onde ir:
Na Glória Café
R. Grão Mogol, 712, Carmo. (31) 2508-8604
Café Magrí
R. Alvarenga Peixoto, 595, Lourdes.
OOP Café
R. Fernandes Tourinho, 143 - Funcionários. (31) 3786-7888
Copa Cozinha
Av. Olegário Maciel, 742, loja 2.171, Centro (Mercado Novo). (31) 99511-2171