
Cardápio virtual
Neste cenário, há chefs que recorrem às dicas e aos serviços de especialistas
Diferentemente do que diz um velho ditado, em termos de era digital, beleza tem posto a mesa, sim. Divulgar os pratos nas redes sociais tem sido ótimo instrumento de divulgação para os chefs. Mas é claro que, para que as imagens sejam atrativas, é preciso caprichar no visual. Fotografar pratos tem sido uma tendência que a cada dia ganha adeptos. Não por acaso o Culinary Institute of America, em Nova York, considerada a Harvard da cozinha, lança em maio de 2018 seu curso de fotografia digital para aspirantes a chefs. Os professores serão um fotógrafo e uma food stylist.
A câmera de celular virou mesmo uma ferramenta de trabalho na gastronomia. Neste cenário, há chefs que recorrem às dicas e aos serviços de especialistas. Pensando nisso, Nélio Rodrigues lançou um workshop em luz criativa para fotografia de gastronomia com celular. “Criei um tipo de iluminação, um kit pequeno, que apresento para os chefs fotografarem com celular. Os chefs são bons em montar pratos, mas é a textura da luz que faz a composição do prato ser verdadeira. Passo uma forma mais sensível de ver o desenho do prato. Sempre é feito com celular, não vale a pena investir numa máquina para fotografar alguns pratos. A qualidade de celular é boa e, com a luz correta, vem o resultado”, garante o experiente fotógrafo.
Rodrigues já deu cursos no Albanos, por exemplo, e disse que o chef Ivo Faria, do Vecchio Sogno, chegou a comprar “três kits de iluminação”. Faria, por sua vez, ressalta a importância das redes sociais para o trabalho chegar a um público mais “alternativo”. “Você passa a ter um público mais jovem. Muitos utilizam as redes sociais e acabam curtindo suas fotos e vídeos. As redes sociais atraem gente de todo tipo. A pessoa pode admirar seu trabalho e se tornar seu cliente ou ter a curiosidade de visitar seu restaurante”, afirma ele, que não chegou a fazer um curso, mas sempre ouve os conselhos de quem entende de fotografia.
Já Rafael Tocchetto, do Campagne Restaurante, aproveita a experiência adquirida no período em que foi fotógrafo para criar belas imagens para seus pratos. “Como fotografei durante um tempo, consigo ver uma luz diferente para cada comida. Minha esposa é quem divulga. Acho que contribui muito”, ressalta Tocchetto. As fotos divulgadas nas redes sociais, aliás, precisam ser atrativas a ponto de fazer com que as pessoas sintam vontade de saborear o que estão vendo. “Eu me lembro de pessoas que queriam um prato igual ao que estava na foto”, ratifica o chef do Campagne Restaurante.
Curtidas. Há fotos de pratos no Instagram do chef Djalma Victor, do OssO – Mind the Bones, que superaram as 200 curtidas. “Você achar que seu prato é bonito não significa que outras pessoas também vão achar. Faço as fotos para registrar meu trabalho. E as redes sociais são uma maneira atrativa de mostrá-lo”, destaca ele, que não passou por nenhum curso de fotografia.
“É uma novidade para mim, um campo diferente. Na verdade, até pensei em fazer um curso. Tiro tudo no celular, não tenho máquina profissional. Meu iPhone é muito bom para tirar fotos. Mas o olhar é bem importante nisso tudo”, salienta.
Zito Cavalcante também é a favor da divulgação dos pratos nas redes sociais. No entanto, prefere contrabalançar os pontos positivos e negativos. “O Instagram é uma mídia superlegal para divulgar o trabalho. Não vejo como crucial, mas vejo como atalho. É uma ponte para a clientela. Só que a valorização do cozinheiro é algo recente. Para você conseguir um bom trabalho, alguma coisa do tipo, por muito tempo, o chef precisa, infelizmente, participar da concepção de ‘celebridade’”, avalia Cavalcante.
Vídeos. As fotos têm se tornado boas aliadas na divulgação do trabalho dos chefs. Mas não só elas. Há quem prefira vídeos curtos, de cinco a dez segundos. É o caso de Faria. “Utilizo os dois, vídeos e fotos. Mas, se você olhar de uma maneira geral, o vídeo tem mais visualizações do que a foto. Tem vídeo meu que chega a ter mais de mil visualizações. As pessoas parecem gostar mais de ver um vídeo. Depende também da hora que você posta. Geralmente o melhor horário é entre as 12h e as 13h”, pondera o chef do Vecchio Sogno.
Serviço
OSSO – MIND THE BONES
Rua São Paulo, 1.984, Lourdes. (31) 3292 -8235
VECCHIO SOGNO
Rua Martim de Carvalho, 75, Santo Agostinho. (31) 3292-5251
CAMPAGNE RESTAURANTE
Estrada do Engenho, 1.163, São Sebastião das Águas Claras, Nova Lima. (31) 3547-7273
ZITO CAVALCANTE
www.apanela.com.br
“Workshop de luz criativa para fotografar Gastronomia com celular”, por Nélio Rodrigues
Público-alvo: Chefs profissionais, assistentes de cozinha e alunos de gastronomia, profissionais, estudantes de comunicação, jornalistas, assessores de imprensa, blogueiras especializadas em gastronomia, pessoas que gostam de registrar seus momentos gastronômicos em viagens ou no dia a dia.
Formato do workshop: Consultoria individual ou turma de 12 participantes
Requisitos: Ter um aparelho celular com câmera fotográfica e gostar de fotografia
Duração: três horas
Outras informações: neliorodrigues.r@gmail.com
Telefone: (31) 99968-1758
Receita
Linguine Mar e Campo, por Ivo Faria
FOTO: Ivo Faria/divulgação |
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Ingredientes:
300 g de linguine
6 camarões médios
100 g de vôngole limpo
6 vieiras
140 g de abobrinha italiana
1 dente de alho e 1 cebola picados a gosto
1/2 maço de rúcula
80 g tomate seco
Orégano e pimenta calabresa a gosto
80 mL de azeite
50 mL de vinho branco
80 mL de caldo de peixe
140 g espaguete de abobrinha
15 vôngoles na concha
9 mexilhões
1 pimenta dedo-de-moça Pimenta-do-reino
2 fatias de pão de forma para a farinha
Sal
Manjericão a gosto
Modo de preparo:
Em uma frigideira funda refogue em azeite alho, cebola, as pimentas, camarão, vôngoles, mexilhões e três vieras.
Tempere com sal, pimenta-do-reino e manjericão picado.
Junte o vinho branco, o caldo de peixe e a abobrinha. Deixe ferver e corrija o tempero.
Junte o linguine para finalizar a cocção junto com os frutos do mar. Finalize com azeite e rúcula picadinha. Corrija o tempero. Coloque as vieiras na coquille e tempere com sal e pimenta do reino. Coloque sobre as vieiras um refogado de alho, cebola, salsa e basílico, deixando-as bem molhadas. Jogue a farinha de pão fresco por cima e leve ao forno para dourar. Sirva a massa com a coquille ao lado.
Receita
Musse de cream cheese e pesto, por Zito Cavalcante
FOTO: Zito Cavalcante/divulgação |
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Ingredientes:
400 g de cream cheese
100 g de creme de leite
12 g de gelatina em pó sem sabor
40 mL de água
2 g de sal refinado
5 mL de molho de pimenta tabasco
200 mL de pesto alla genovese
Modo de preparo:
Hidrate a gelatina na água por dez minutos e a derreta no microondas. Bata na batedeira o cream cheese até ficar um creme fofo, leve e macio. Junte o creme de leite e bata rapidamente, apenas para agregar. Por último, acrescente a gelatina derretida e tempere. Distribua a musse em uma forma untada ligeiramente com azeite. Deixe gelar até o dia seguinte. Decore com o molho pesto.
