Mesmo que timidamente, é nesta época do ano que algumas jabuticabeiras começam a dar as frutinhas de cor escura e sabor adocicado. “As jabuticabas nascem com a constante presença de água”, explica o chef Danilo Simões, professor do Centro Universitário Estácio. É por isso que a fruta, nativa da Mata Atlântica, desponta mais facilmente entre a primavera e o verão, estações em que a intensidade de chuvas é maior. E tão prazeroso quanto comê-las frescas no pé é poder saborear receitas com o fruto, rico em vitamina C e versátil na cozinha.
No restaurante Quintal Pampulha, por exemplo, a jabuticaba servida no molho que acompanha o filé de aruanã (um tipo de peixe) vem de pés plantados na fazenda de Urlenisê Miranda, chef e proprietária do estabelecimento. Segundo Urlenisê, o molho é ideal para acompanhar carnes claras e vegetais. “Ele vai muito bem com lombo, pernil e peixe – e até saladas”, diz. Para preparar o molho, é preciso colocar as frutas inteiras, sem casca, em uma panela com água e deixar ferver por horas.
A diferença entre o molho preparado por Urlenisê e a geleia feita por Ernestina Degryse está na consistência. Enquanto o primeiro tem aspecto mais líquido, a segunda tem uma textura firme, no ponto ideal para rechear os casadinhos de biscoito amanteigado da Chocolateria Degryse, comandada por Ernestina.
“Eu mesma produzo a geleia durante a safra de jabuticaba na região de Guanhães, e ela tem prazo de validade de até dois anos. A jabuticaba tem esta característica, de durar o ano inteiro, sem que seja necessário acrescentar conservante”, observa. Na chocolateria, ainda é vendida uma compota, feita a partir da calda e da polpa da fruta.
Os quitutes da Vovó Helê – produtora de Sabará, cidade onde ocorre o Festival da Jabuticaba –, aliás, podem ser consumidos o ano inteiro graças ao congelamento da fruta. Lá, o que não falta são opções para saborear a jabuticaba em suas mais diversas formas. “Produzimos geleia, vinho, licor, vinagre, mostarda, molho barbecue...”, destaca Kátia Del Rio, filha de Helê. Com o avanço de idade da matriarca, de 78 anos, é ela quem tem assumido a direção do negócio.
“Com a jabuticaba, também fazemos uma farinha, usada em bolos ou como suplemento alimentar. Para prepará-la, é necessário deixar as cascas das frutas ao sol por 15 dias e, depois, batê-las no liquidificador”, conta Kátia, que apresenta seus produtos ao Festival Fartura Belo Horizonte Kids (rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto), cujas atividades se encerram hoje.
Bem gelados. Nesta época de calor intenso, a jabuticaba também é boa para acompanhar pratos refrescantes. Na Fiorella Gelato, é possível saborear o gelato de jabuticaba, sabor criado especialmente para esta estação. “A jabuticaba tem uma característica muito peculiar: a polpa dela é doce, mas a casca é ácida. O sorvete tem esse mesmo sabor: tem um começo doce com um final mais ácido”, comenta a chef e proprietária do estabelecimento, Ananda Domingo.
Ela garante que o gelato já está entre os mais pedidos, logo na primeira semana de teste. “A aceitação foi unânime, todo mundo gostou, e já é o carro-chefe da casa”, diz Ananda.
Outro lugar onde se pode apreciar uma versão geladinha da jabuticaba é na Jabu Drinkeria, que serve o drink Madame Jabu. “O ideal é tomar esse drink em época de calor, porque ele é bem refrescante e combina bem com frutos do mar e carne branca”, pontua o mixologista Matheus Cunha. Vale destacar que, no centro da drinkeria, foi plantada uma jabuticabeira de 60 anos, que veio de Ipatinga. O estabelecimento abre somente às quartas-feiras.
A jabuticaba também é a estrela do drink Cerrado Vermelho, desenvolvido pelo bartender Victor Quaranta para a Churrascaria Porcão. O manjericão e o limão-siciliano deixam a bebida à base de vodca ainda mais refrescante.
Serviço
Chocolateria Degryse. R. Orenoco, 130, Carmo, (31) 3227-4202
Churrascaria Porcão BH. Av. Raja Gabaglia, 2.671, São Bento, (31) 3293-8787
Jabu Drinkeria. Av. Professor Mário Werneck, 530, Buritis, (31) 3286-3155
Fiorella Gelato. R. Antônio de Albuquerque, 478, Savassi, (31) 3586-2123
Quintal Pampulha. Rua Sebastião Antônio Carlos, 350, Bandeirantes, (31) 3443-5559
Vovó Helê. Rua Floriano Peixoto de Viterbo, 17, centro, Sabará, (31) 98634-6520