O prestígio que o PSD tem tido na coligação encabeçada por Antonio Anastasia (PSDB) na disputa pelo governo de Minas Gerais tem causado ciúme entre os outros partidos da chapa. De acordo com membros das outras legendas ouvidos pelo Aparte, o PSD tem tido uma preferência maior que os demais. Alexandre Silveira, coordenador de campanha do tucano e membro do PSD, nega a suposta preponderância.

Além de o candidato a vice-governador ser Marcos Montes, um dos nomes fortes da sigla, o prestígio passa pelos dois atuais suplentes do senador Antonio Anastasia, que também fazem parte da agremiação. É dito nos bastidores que Alexandre Silveira, atual primeiro suplente de Anastasia, deve ficar com uma secretaria de Estado em uma possível eleição do tucano. Ainda não se sabe qual pasta foi acertada, mas é ventilado que será uma em que ele possa fazer articulação política, como a de Governo.

Com isso, o segundo suplente no Senado, Lael Vieira Varella, assumiria a cadeira ocupada por Anastasia até janeiro de 2023, quando acaba o mandato para o qual ele foi eleito em 2014. A família de Varella, inclusive, é uma das que mais impulsionam financeiramente a campanha do tucano. De acordo com o sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (DivulgaCand), o ex-deputado federal Lael Varella, a mulher dele e os três filhos do casal doaram, juntos, R$ 1 milhão para a campanha de Anastasia, que até agora arrecadou R$ 7,8 milhões.

Em conversa com o Aparte, Alexandre Silveira disse que esse suposto acordo em benefício do PSD é uma “tremenda política” e que se trata de assunto velho. “Na verdade, o que o PSD teve nessa campanha é muito trabalho. Tem eu como coordenador de campanha, que trabalho 18 horas por dia e tive que tirar férias-prêmio na polícia para cuidar da campanha, e tem o Marcos Montes, que foi uma indicação pessoal do professor (Anastasia) e não passou por indicação política”, afirmou Silveira.

O coordenador da campanha tucana no Estado afirmou diversas vezes que uma das condições impostas por Anastasia para se candidatar é não discutir nenhuma interferência partidária na escolha do secretariado. O senador, inclusive, tem dito em entrevistas que vai montar uma equipe técnica à frente do Estado. “Eu sou testemunha viva de que o professor terá carta branca para montar um governo técnico, moderno e à altura dos desafios. Anastasia não tem acordo nem com um faxineiro caso seja eleito. Não firmou compromisso comigo, com o partido ou com nenhum empregado que seja. Ele nunca conversou comigo sobre secretaria. Esse acordo não existe”, garantiu.

Silveira citou ainda as doações feitas por Varella à campanha. “Se ele tiver doado com alguma expectativa, não tem nenhum acordo feito pelo professor em relação a cargos”. A coluna procurou o ex-deputado Lael Varella, que disse que não precisa de cargo nenhum e que não tem expectativa alguma, nem em relação à cadeira do Senado. (Lucas Henrique Gomes)