Recuperar Senha
Fechar
Entrar

Parceria

Encontro de gerações resulta em pérola do rock'n'roll 

Tendo Josh Homme, do Queens of the Stone Age, como seu fiel escudeiro, Iggy Pop lança o poderoso disco "Post Pop Depression"; ouça aqui

Enviar por e-mail
Imprimir
Aumentar letra
Diminur letra
Post Pop Depression
Conjunto. Iggy Pop posa com a banda de feras que montou para o vigoroso "Post Pop Depression"
PUBLICADO EM 11/04/16 - 03h00

Não se pode dizer que “Lulu”, álbum que registra o encontro de Lou Reed com o Metallica, lançado em 2011, seja ruim, mas é burocrático e até certo ponto decepcionante, porque aquém das possibilidades que a parceria prometia. O mesmo não se aplica a outra troca de figurinhas similar entre gerações do rock, de Iggy Pop com Josh Homme, do Queens of the Stone Age (QOTSA), que resultou no recém-lançado “Post Pop Depression”.

Trata-se de um disco de Iggy, é seu nome que aparece na capa, são suas músicas e aquele seu jeito de dramático de cantar, como se tudo estivesse por um triz, que dão o tom, mas há, ao longo das nove músicas que compõem o repertório, o indelével toque de Josh, que, afinal, é o produtor, responde por arranjos de sopros e cordas e toca vários instrumentos em todas as faixas. A luxuosa banda que acompanha Iggy se completa com Dean Fertita, também do Queens of the Stone Age, e Matt Helders, do Arctic Monkeys. Em algumas faixas são apenas os quatro, em outras há o acréscimo de naipes de sopros e cordas.

O que “Post Pop Depression” oferece é um rock classudo, feito com inteligência e esmero, e que passeia com desenvoltura pela vertentes do gênero. A faixa que abre os trabalhos, “Break Into Your Heart”, não chega a empolgar, mas já a partir da segunda, “Gardenia”, que começa com uma levada meio disco, a fórmula forjada por Iggy e Josh se revela certeira. A música seguinte, “American Valhalla”, poderia, assim como a faixa 7, “German Days” – a melhor do álbum, diga-se –, caber com justeza em qualquer disco do QOTSA. Ambas têm uma cadência quase marcial, sobre a qual Iggy faz flanar sua voz com elegância e Josh dá asas à sua guitarra, valendo-se, aqui e acolá, de reverberações caras à surf music.

Nas duas músicas mais longas do álbum, “Sunday” e “Paraguay”, os artífices de “Post Pop Depression” se permitem as maiores ousadias, com quebras súbitas na cadência e no arranjo. A primeira, que começa com cara de rock setentista, mergulha, em seu terço final, num pomposo ambiente camerístico, com flautas, clarinete, trompete, trombone, viola, violino e violoncelo ocupando o lugar onde antes havia guitarra, baixo e bateria. Já “Paraguay” começa como um pop radiofônico transbordante de clichês, com refrão em que Iggy apenas repete o título da faixa, mas aí, do meio para frente, a música muda completamente de feição, como se tivesse entrado nos domínios de um Marilyn Manson ou de um Nine Inch Nails, com um verniz industrial e uma trama meio concretista dos instrumentos, que serve de cama para que Iggy recite a letra enquanto se ouve um coro repetitivo ao fundo. Aí estamos no terreno do risco, que “Post Pop Depression” trilha sem perder a coerência, a unidade e o vigor. Iggy já disse que este talvez seja seu último álbum. Terá sido um belo desfecho.

 

Ouça músicas do disco 'Post Pop Depression':

Rádio Super

O que achou deste artigo?
Fechar

Parceria

Encontro de gerações resulta em pérola do rock'n'roll 
Caracteres restantes: 300
* Estes campos são de preenchimento obrigatório
Log View