Com bastidor agitado, Nova Lima tem sete candidatos à Prefeitura

A disputa deste ano pela Prefeitura de Nova Lima, na região metropolitana, vai contar com sete candidatos, sendo que dois deles vão entrar pela primeira vez em uma eleição. Antes mesmo do início oficial da campanha eleitoral no último domingo, os bastidores da disputa na cidade já revelavam um clima agitado. 

O atual vice-prefeito, João Marcelo (Cidadania) lançou candidatura própria ao Executivo, que não terá o apoio do prefeito, Vitor Penido (DEM). 
A expectativa até bem pouco tempo era que João Marcelo tivesse como vice em sua chapa o atual presidente da Câmara Municipal do município, o vereador Fausto Niquini (PSD). Os dois chegaram a discutir por dois meses as propostas que seriam contempladas no plano de governo. 

Entretanto, interlocutores afirmam sob anonimato que ainda na pré-campanha, após articulações políticas – inclusive intermediadas por Vitor Penido – o chefe do Legislativo local optou por caminhar ao lado de outro vereador, Wesley de Jesus (DEM), na eleição, que é do mesmo partido do atual prefeito. 

Pessoal

À reportagem de O TEMPO, João Marcelo negou que tenha ficado qualquer mal-estar com o prefeito Vitor Penido depois das definições para a disputa de novembro. Ele ainda pontuou que a saída de Niquini para compor outra chapa partiu de uma decisão estritamente pessoal do próprio vereador. 

“Eu tenho uma boa relação com o prefeito. Tivemos um mandato muito próximo e eu participei ativamente do governo. A questão do Fausto (Niquini) foi uma questão pessoal dele. Ele assumiu um compromisso comigo, nós construímos durante dois meses a nossa chapa e estávamos trabalhando a construção do nosso planto de governo. De repente eu fui informado por ele que ele iria caminhar com outro candidato. Foi uma escolha que ele fez e da minha parte vou seguir o meu caminho”, explica João Marcelo, que agora vai concorrer em uma chapa puro sangue, ao lado do dentista Diogo Ribeiro (Cidadania).

O canidato a vice-prefeito de Nova Lima Fábio Niquini (PSD) se manifestou sobre o assunto por meio de nota. "Durante toda a pré-campanha, busquei diálogo com as várias candidaturas em Nova Lima para conhecer seus programas e projetos, e o que elas tinham de relevante para a cidade. E descobri, numa conversa franca, direta e sincera, que a melhor chapa para eu compor e conseguir de fato inserir os meus projetos e avançar naquilo que Nova Lima deseja, era a chapa apoiada pelo prefeito Vitor Penido (DEM). Wesley me deu toda a liberdade e me deu garantias de que os programas de saúde, educação e infraestrutura que eu defendo seriam prioridade no seu governo. Motivo pelo qual hoje formamos uma nova chapa, que significa uma nova força para um novo tempo em Nova Lima", diz o texto.

Vereadores

A composição da chapa com Wesley de Jesus e Fausto Niquini também causou estranheza entre interlocutores políticos da cidade que tem população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 96.157 pessoas. Isso porque os dois tinham atritos rotineiros na Câmara Municipal. Jesus confirma as diferenças de ideias, mas afirma que isso não será obstáculo nem na campanha, nem no governo.

“Na vida eu sempre me permiti mudar minhas opinião desde que haja uma opinião melhor e fui remodelando os meus posicionamentos e posições. Hoje, eu e o Fausto somos parceiros, amigos. O nosso maior propósito é que Nova Lima continue andando para frente, que não venha retroceder naquelas políticas antigas que nós outrora pegamos”, justifica Wesley de Jesus.

Outro fato que promete incendiar o embate eleitoral de Nova Lima é a oficialização da candidatura do ex-prefeito Carlinhos Rodrigues (PDT), que foi declarado inelegível pela Justiça Eleitoral até 7 de outubro. Caso o primeiro turno fosse mantido no dia 4 do mesmo mês, ele não poderia concorrer ao pleito. Com a mudança para o dia 15 de novembro, por conta da pandemia, e a consequente decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que vetou a prorrogação da inelegibilidade até a nova data da disputa eleitoral, ele anunciou que iria concorre.

“É uma candidatura que surgiu há 20 dias, a partir da medida editada pelo TSE. Estou tentando arrumar tudo para a campanha já durante o percurso”, afirmou o ex-prefeito. 

Contexto

Carlinhos Rodrigues e Vitor Penido – que não concorre nas eleições deste ano – sempre estiveram em lados opostos na política local e foram protagonistas da maioria das eleições para a prefeitura desde a década de 1990.

A corrida pela Prefeitura de Nova Lima também terá Dr. Juarez (Solidariedade), que defende, entre outros pontos, a revisão do Plano Diretor e melhorias no saneamento básico. “Em uma cidade deste tamanho, com essa renda, temos esgoto a céu aberto. O Plano Diretor daqui já deveria ter sido revisado. Ele é fundamental para Nova Lima”, disse. O último plano da cidade é de 2007.

Pelo UP, o candidato será Jobert Jobão. Ele pontua que o programa de governo está voltado a resolver desigualdades na cidade. “Nosso programa tem o foco na diminuição da desigualdade. Nova Lima tem uma das maiores arrecadações do país, porém é uma das mais desiguais. Um dos pontos fundamentais é a política habitacional, deficitária na cidade, além de outros problemas relacionados à saúde e segurança”, afirmou. 
Soldado Flávio de Almeida (PT) e Sérgio Americano Mendes (Podemos) foram procurados pela reportagem, mas não responderam. 

Matéria atualizada em 29/09 às 17h