Estratégias
Com esquerda fragmentada, Áurea aposta em campanha para 'encantar' eleitor em BH
Candidata diz que alto número de adversários situados à esquerda vai proporcionar que eleitores possam pesquisar mais sobre as chapas
24/09/20 - 16h00
Com cinco candidaturas situadas no campo da esquerda, a disputa à Prefeitura de Belo Horizonte neste ano se consolida com uma fragmentação dentro desse espectro político. Um desses nomes é o da deputada federal Áurea Carolina (PSOL), que não vê dificuldades nessa divisão do grupo, afirmando que os eleitores que tradicionalmente já são ligados à esquerda poderão fazer uma pesquisa aprofundada entre os candidatos. Nesse cenário, a aposta é que sua candidatura desperte um “encantamento” junto aos eleitores da capital mineira.
“Eu faço parte de uma aliança junto com a Unidade Popular e o PCB. A nossa chapa já envolve três partidos, diferentemente dos demais, que envolvem chapas avulsas com seus próprios partidos”, diz, referindo-se aos demais nomes de esquerda que estão na disputa. Nesse cenário, ela reforça que a sua chapa “traz uma frente de esquerda que dialoga com muitas lutas e que está distribuída em uma rede de cidadania ativa” na cidade.
“O que a gente está apostando é que nossa candidatura é para encantar, é para levar esperança de uma cidade em que todas as vozes são acolhidas e respeitadas em uma cidade que enfrenta desigualdade socioeconômica”, reforça, ressaltando que sua possível gestão estará pautada em aspectos como a oferta de serviços públicos com qualidade, proteção do meio ambiente e “construção participativa com a população”.
Sobre a quantidade de chapas situadas à esquerda – além do PSOL, estão disputando também o PT, o PCdoB, o PSTU e o PCO –, Áurea afirma que todos os campos políticos estão fragmentados no pleito atual. “Essa é uma eleição interessante porque tem uma dispersão em todo o espectro político. São 16 candidaturas de vários partidos e também existe fragmentação no campo conservador, de direita. Desde o prefeito Alexandre Kalil, que poderia ser considerado de centro-direita, até o candidato bolsonarista explícito”, diz, pontuando que isso é consequência das mudanças nas regras do sistema político, que impediu as coligações nas chapas proporcionais neste ano.
Questionada se essa divisão não poderia trazer dificuldades para os eleitores que tradicionalmente são de esquerda, a candidata avalia que o número de candidaturas trará oportunidades para que eles conhecerem os nomes que estão na disputa. “Eu acredito que os eleitores que já têm preferência de esquerda poderão fazer uma pesquisa mais aprofundada sobre cada uma dessas candidaturas do nosso campo e fazer a escolha bem informada”, reforça, citando que as demais pessoas devem ser atraídas “pela capacidade de mobilização e pelo encantamento” que cada um dos candidatos poderão ou não despertar, e que é uma das metas de sua chapa.
Apoios
Nesse cenário, a candidata diz que sua campanha vai contar com o apoio de diversas lideranças. Ela citou o manifesto lançado em julho por artistas, professores e lideranças da capital. O documento, batizado de “Juntas pela Democracia e Contra o Fascismo”, contou com 550 assinaturas, entre elas a da escritora Djamila Ribeiro, do jurista e professor Silvio Almeida, e dos atores Gregório Duvivier e Wagner Moura.
“Isso mostra que temos um alcance que extrapola Belo horizonte. A política que a gente constrói encontra eco no Brasil inteiro, com vários ritmos de ativismo e de construção democrática”, pontua, ressaltando, no entanto, que tão importante quanto esses apoios é a manifestação de pessoas anônimas.
“Pra nós, tão importante quanto esses apoios de peso, de quem tem mais visibilidade, é o apoio das pessoas comuns. De alguém que convida algum membro da família, a vizinhança, para conhecer a campanha” reforça Áurea, apostando que sua chapa vem apostando nesse “trabalho de formiguinha”.
Um dos principais nomes da esquerda, o ex-presidente Lula (PT) deve gravar vídeos em apoio ao candidato petista em Belo Horizonte, Nilmário Miranda. Questionada se isso pode interferir na disputa dos candidatos de esquerda em BH, Áurea reconheceu o apoio como significativo, mas ressalta que é preciso avaliar.
“Eu acredito que é um apoio significativo, mas precisamos observar qual que vai ser o comportamento do eleitorado porque o PT nos últimos anos passou por uma série de mudanças na preferência do eleitorado e não necessariamente um vídeo do Lula vai significar algo que vai decidir”, diz, classificando o gesto como natural, mas reforçando que “existem outros fatores que pesam na decisão das pessoas e que tem muita coisa ainda para rolar”.