Réplicas de serpentes

É falso que obras de arte no viaduto Santa Tereza sejam um pedido de Kalil

As duas cobras compõem a obra de arte “Entidades e marcam o início do Circuito Urbano Artístico (Cura) de BH, que vai até 4 de outubro

Por Rômulo Almeida
Publicado em 26 de setembro de 2020 | 07:00
 
 
 
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Duas réplicas de cobras gigantes que se encontram no alto dos arcos do viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte, despertam a curiosidade de quem passa pela região desde quando elas foram instaladas, na última terça-feira. Circula no Facebook um cartaz sugerindo que as serpentes são enfeites colocados a pedido do prefeito Alexandre Kalil para recepcionar chineses que estariam chegando à cidade para comprar empresas falidas. 

A coluna O Tempo Checagem verificou que a estrutura não foi financiada ou projetada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e não tem relação com a China. As duas cobras compõem a obra de arte “Entidades” e marcam o início do Circuito Urbano Artístico (Cura) de BH, que vai até 4 de outubro. 

A Prefeitura de Belo Horizonte disse que a instalação foi autorizada pelo Conselho Deliberativo de Patrimônio Cultural do município e que a quinta edição do Cura é um projeto aprovado pela Política de Fomento à Cultura Municipal (Lei 11.010/2016). 

Ao contrário do que a mensagem publicada nas redes sociais supõe, as cobras não significam a traição. A obra do artista indígena Jaider Esbell representa a fertilidade, a fartura e o caminho das águas. A publicação ainda faz uma convocação para que a escultura seja destruída. 

Juliana Flores, uma das idealizadoras do Cura, conta que o grupo achou graça da mensagem falsa e lamenta o estímulo ao ódio e às fake news. “A gente recebeu com bom humor pelo absurdo que é. É uma imagem que viralizou. Quando a gente concebe a obra, a gente espera o sucesso dela, mas isso foi além do esperado. A obra representa várias simbologias e não tem nada a ver com traição. A gente não se preocupa, mas lamenta o cenário geral de ódio, de frustração e de fake news”, diz Juliana. 

Sobre a possibilidade de a obra ser vandalizada, Juliana diz não temer, uma vez que a instalação está sendo vigiada. “Não nos preocupamos em relação a algum ataque. A nossa equipe está muito bem preparada para proteger a obra, mas não acredito que isso vá acontecer”, afirma.

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