Rio de Janeiro

Eleições 2020: Messina suspeitava de relação de Crivella com 'QG da propina'

Segundo o ex-secretário da Casa Civil do município, Marcelo Crivella pressionava para priorizar o pagamento de empresas com créditos a receber

Por LUANA MASSUELLA (UOL/FOLHAPRESS)
Publicado em 06 de novembro de 2020 | 19:11
 
 
 
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Ex-secretário da Casa Civil de Marcelo Crivella (Republicanos), Paulo Messina, candidato do MDB à Prefeitura do Rio de Janeiro, disse que achava "muito suspeita" a postura do prefeito que, segundo ele, o pressionava para priorizar o pagamento de empresas com créditos a receber.

O Ministério Público do Rio investiga Crivella em decorrência de suposto esquema de propina para a liberação de pagamentos da prefeitura a empresas.

"Em 2019, eu não tenho elemento para dizer: 'É propina'. Se você pegar os meus discursos de plenário, eu digo o seguinte: 'É muito suspeito'. Mas também não vou tomar um processo de bobeira. Então eu falo: 'É muito suspeito o que eles estão fazendo', pagando DEA [despesas de exercícios anteriores] quando não é pra fazer", afirmou Paulo Messina durante sabatina da Folha de S.Paulo/UOL, conduzida por Silvia Ribeiro, editora do UOL, e Catia Seabra, repórter da Folha.

Durante sua passagem pela gestão Crivella, Messina chegou a responder pela Comissão de Planejamento Financeiro e Gestão Fiscal da Prefeitura do Rio. Mas, a partir de novembro de 2018, Crivella assumiu o controle dessa comissão.

"Ele passa a controlar a liberação direta daquilo a partir do final de 2018, então certamente a liberação de pagamentos foi feita por ele, sem dúvida nenhuma", disse Messina.

O prefeito do Rio sempre negou irregularidades ante a investigação do MP-RJ. O candidato disse ter prestado depoimento na condição de testemunha e que não tinha nada a ver com o suposto esquema.

"Uma das condicionantes que eu aceitei ir para essa Casa Civil foi a carta branca do Crivella pra gente montar a estrutura técnica da prefeitura. E eles queriam controlar muito mais espaço, eles queriam controlar contratos de publicidade, controlar eventos, e várias outras áreas da prefeitura, e nós não deixamos", disse.

O candidato do MDB afirmou que o rompimento com Crivella tem relação com elementos que vieram à tona a partir da investigação do "QG da propina", mas também se deve a outras questões.

"Essa questão do pagamento dessas empresas de resto a pagar, elas estão num bolo muito maior de coisas. É pracinha, é campo de futebol, é secretaria para vereador, é um desmonte da estrutura técnica financeira da prefeitura", enumerou.

Messina ainda falou que não é só "a questão de ter certeza da propina ou não". "Era certeza de uma prefeitura que tinha tudo para ser superavitária, para funcionar pro cidadão, que não tinha crise, virar o que ela virou", disse.

"Ele [Crivella] criou uma secretaria que existe até hoje: Secretária de Eventos, Parques e Jardins e Idoso. Uma secretária só, que tem sete vereadores ali atendidos. Eu fui contra isso", criticou.

Messina afirma que ficou sabendo pela imprensa do caso que levou o TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) a condenar Crivella por abuso de poder político e conduta vedada, tornando-o inelegível até 2026.

O prefeito obteve uma liminar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). "As coisas que eram complexas, que obviamente eram erradas, a gente não sabia. Ele fazia e a gente só ficava sabendo depois. Não só essa questão da Comlurb, como o evento da Márcia também. No fundo, sabe aquela criança que sabe que se perguntar pro pai, o pai vai reclamar, e ela vai lá e faz sem falar? A impressão que eu tenho é essa."

Questionado sobre casos de corrupção envolvendo o MDB, como no governo do ex-governador Sérgio Cabral, Messina disse que "não tem nenhum compromisso com o passado do partido".

"A gente tem um passado recente com o Cabral, agora quem tem que estar aqui explicando Cabral para vocês é Eduardo Paes. Eu não tenho nada a ver com isso", disse. "Não tenho nenhum compromisso com o passado do partido, respondo com a minha história."

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