Eleições 2020

Sem presidente Bolsonaro, campanha terá presença de Lula, Ciro, Marina e FHC

Ex-presidentes e candidatos que tiveram destaque na eleição de 2018 já se movimentam para apoiar nomes de seus partidos e aliados. Em meio à pandemia e sem eventos nas ruas, eles marcam presença nas lives e encontros virtuais

Por Marcelo da Fonseca
Publicado em 21 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Ao contrário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que não pretende participar da disputa eleitoral deste ano, outras lideranças políticas nacionais estão na busca por votos para candidatos de suas legendas e aliados.

Atuantes nas discussões de bastidores sobre as candidaturas nas principais cidades, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) participaram de reuniões que definiram as escolhas de candidatos e de lives para lançamento de campanhas.

Outros políticos que tiveram destaque na última eleição presidencial, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), também participam da disputa por votos, declarando apoio a correligionários e candidatos aliados. 

Em BH, alguns pré-candidatos se movimentam em busca do apoio de nomes nacionais e conhecidos da política brasileira, o que pode garantir mais peso no início da campanha. O primeiro candidato à prefeitura da capital a anunciar apoio de uma liderança nacional foi o deputado Bruno Engler (PRTB), que se lançou como o nome do presidente e foi elogiado por ele.

No entanto, no mês passado, Bolsonaro usou as redes sociais para afirmar que ficará fora do primeiro turno e que não participará de nenhuma campanha. Ainda assim, a equipe de Engler avalia que poderá ter o apoio “sutil” do presidente, assim como de pessoas próximas a ele, como o filho Eduardo Bolsonaro. 

Polarização

A tentativa de trazer as disputas nacionais para o campo municipal também será a estratégia da candidatura de Nilmário Miranda (PT). Com a presença de Lula em vídeos e transmissões ao vivo, assim como de outras lideranças da sigla, os petistas apostam na polarização das últimas eleições presidenciais para BH.

“Não separamos as questões do município, do Estado e da União. Decisões tomadas em cenário nacional têm impacto direto na nossa cidade e precisam ser debatidas com a população”, avalia Nilmário.

O candidato petista aponta a ligação do prefeito Alexandre Kalil e seu partido, PSD, um dos integrantes do centrão, com a base de apoio ao Planalto. “Quem não tem interesse em fazer esse debate, que vai da cidade à União, são candidatos que apoiam Bolsonaro. É o caso do prefeito Kalil. Nós temos total interesse em vincular as discussões”, afirma.

Segundo a assessoria de Lula, por causa da pandemia, a presença do ex-presidente em eventos ainda é avaliada. Ele vai participar das campanhas em lives e com vídeos gravados, inclusive de Nilmário, como fez no lançamento do candidato Jilmar Tatto, em São Paulo.

Presente na reunião virtual do PSDB que lançou a candidatura à reeleição de Bruno Covas em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também aposta nas disputas locais deste ano como primeira etapa para 2022 e, por isso, avalia que os partidos devem se mobilizar.

A assessoria de FHC não informou se ele vai participar da campanha de Luisa Barreto à Prefeitura de BH. Em nota, a candidata disse que sua campanha “vem sendo construída com amplo conhecimento e participação das lideranças nacionais do PSDB”. 

"Não é apenas degrau para 2022"

Para a ex-senadora Marina Silva, principal nome da Rede Sustentabilidade, as eleições municipais deverão discutir vários temas da política nacional, mas não devem ser apenas uma etapa das disputas pelo governo federal.

“Temos que ter cuidado para que não seja uma instrumentalização para 2022. Os desafios das cidades precisam ser debatidos sem se esquecer de que o Brasil está vivendo uma profunda crise. Mas (a eleição 2020) não é apenas um degrau para 2022. As cidades têm agendas e demandas de suas populações”, avaliou Marina. 

Atuante nas reuniões virtuais que decidiram as candidaturas, Marina lamenta que a pandemia de Covid-19 não permitirá a participação “in loco” em muitas campanhas. Em BH, a Rede não terá mais a indicação de Paulo Lamac para a candidatura a vice de Alexandre Kalil. Os dois se desentenderam em 2018, quando apoiaram nomes diferentes para deputados estaduais.

Terceiro colocado na eleição presidencial de 2018, com mais de 13 milhões de votos, Ciro Gomes (PDT) é outro cacique nacional que se tem mobiliza para apoiar aliados nas prefeituras em 2020. Em suas redes sociais, Ciro faz campanha para candidatos da sigla das principais capitais, como Juliana Brizola, em Porto Alegre, Martha Rocha, no Rio, e Jorge Goura, em Curitiba.

Em BH, Ciro e o PDT declararam apoio a Kalil, mas ele não falou sobre intenção de participar na campanha. A assessoria do candidato informou que ainda não planeja eventos de campanha. 

Já o empresário João Amoêdo, do Novo, um dos destaque em 2018, deve ficar e fora das movimentações políticas deste ano. Apesar de participar de lives, ele deu espaço ao novo comando da sigla após deixar a presidência do partido, em março. Na campanha em BH, por exemplo, o candidato Rodrigo Paiva participou de agendas com parlamentares e com o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro.

 

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