De chorar
Dôra disse que indenização foi pouca e que ficou ilhada em casa
Moradora recebeu R$ 7.000 para permitir o que seria um pequeno corte no terreno, mas que resultou em uma série de problemas
Em São Domingos do Prata, a mais de duas horas de viagem do Sapo, Maria Auxiliadora de Souza, conhecida como Dôra, é outra que está ilhada pelo empreendimento. Em meados do ano passado, o mineroduto bateu à sua porta.
Ela conta que, na época, os funcionários da empresa informaram que ia “passar um cano” em seu quintal. Ela recebeu R$ 7.000 para permitir o que seria um pequeno corte no terreno, mas que resultou em uma série de problemas, como a remoção de 32 árvores do pomar que ela mesma havia plantado, a mudança do curso do córrego que atravessava sua propriedade, danos à rede de esgoto e rachaduras na parede da casa. “Nunca pensei que ia ser assim. Quando a jabuticabeira ia começar a dar fruto, foi cortada”, reclama.
Além do prejuízo financeiro – pelo qual a mineradora ofereceu mais R$ 6.600 de compensação –, Dôra desenvolveu uma infecção na bexiga, que ela credita à poluição da água, e passou vergonha com a família que saiu de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, para visitá-la e encontrou a casa cheirando a esgoto porque a rede tinha estourado. “Esse trem já me fez chorar demais”, diz ela, que está cercada de obras por todos os lados.