Maioria veta Lula na urna, mas se divide sobre posse

Se a maioria da população mineira defende a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até mesmo sua prisão, quando o assunto é uma possível eleição do petista, as opiniões estão divididas. Para 64,6% dos entrevistados no projeto Minas no Brasil de 2018, Lula não pode se candidatar após ter sido condenado. Outros 32,8% defendem o direito de o político entrar na disputa pela presidência, e 2,7% dos entrevistados não sabiam opinar ou não responderam.

Porém, embora a maioria acredite que ele deveria ser proibido de participar da disputa, 48,6% dos participantes do levantamento afirmam que seria injusto impedir o petista de assumir o posto em um cenário em que ele conseguisse se candidatar e vencesse. Já para 47,6% dos mineiros, o Judiciário estaria com a razão de não deixar Lula tomar posse. Os que não responderam ou não sabiam foram 3,8% do total de ouvidos pela pesquisa.

A auxiliar de atendimento ao cliente Jéssica da Costa, 24, está entre as pessoas que acham que Lula não pode se candidatar, mas que, se conseguir uma liminar na Justiça para concorrer e for eleito, tem o direito de tomar posse. “Ele foi condenado e, pela Lei da Ficha Limpa, não pode se candidatar. Então, não faz sentido que ele entre na disputa. Mas, se ele for candidato e for eleito, acho injusto que ele não possa assumir o posto, porque, nesse cenário, a Justiça estará indo contra a vontade popular demonstrada no voto e isso é muito complicado”, diz.

Já o motorista Dimes Hipólito, 41, defende não só que Lula tenha o direito de disputar a eleição, como tambémo de ser eleito. “É complicado ter alguém condenado na Presidência, mas, se ele disputar e vencer as eleições, tem que assumir. É a vontade do povo, e ele foi um ótimo presidente. Minha vida melhorou muito depois de seu governo”, afirma.

Do outro lado está quem acredita que Lula não deve se candidatar e que também deve ser impedido de tomar posse. “Se ele concorrer, colocará em xeque a Lei da Ficha Limpa. Ele já foi condenado duas vezes. Então, como manda a lei, tem que ficar inelegível. Se você gosta ou não do Lula, não interessa. Existe uma lei que fala que condenados em segunda instância não podem se candidatar. Se abrir uma exceção para ele, tem que abrir para todos, e aí será o fim da lei”, avalia o funcionário público Luiz Cláudio Guimarães, 57.

Há quem acredite que, para cumprir a lei, Lula não deveria concorrer, mas quer ver o petista nas urnas para ele ter uma derrota política. “Se não concorrer, ficará com esse discurso de que foi perseguido e de que o povo o queria de novo na presidência. Por isso, acredito que ele deveria concorrer e ter uma derrota nas urnas. Só na política o Lula seria derrotado. Ele tem que ser condenado pelo povo”, diz o analista de sistemas Cristiano Soares, 40.

Proibição de assumir é provável para 65%

O imbróglio jurídico que pode ser criado com uma insistência do ex-presidente Lula em ser candidato nas eleições de outubro mesmo condenado em segunda instância abre possibilidades para que o petista seja eleito mesmo preso.

Diante desse cenário, a maioria dos entrevistados pela pesquisa acredita que é provável que o petista seja impedido de assumir a Presidência da República no caso de vencer a disputa na campanha eleitoral.

Para 65% das pessoas ouvidas, esse cenário, que poderia provocar uma crise institucional no país, é possível. Já 28,9% não acreditam que a Justiça iria impedir Lula de tomar posse caso ele fosse eleito democraticamente. Outros 6,1% não sabiam opinar ou não responderam a esse questionamento.