“Vai ter mais, vai ter mais”. A derrota dói, mas o papel de um pai é fazer o filho levantar a cabeça. Na dose certa entre o incentivo e conforto, Ana Sátila, de apenas 20 anos, recebeu do pai, Cláudio Vargas, um demorado abraço minutos depois de ser eliminada da prova de K1 na canoagem slalom, na segunda-feira, no Complexo de Deodoro. A mãe Márcia e as duas irmãs também dividiram o calor do gesto.

Considerada um prodígio, Ana era esperança de medalha em um esporte pouco conhecido no Brasil. Ela errou nasegunda bateria de sua eliminatória nesta segunda-feira, perdeu pontos e não conseguiu ficar entre as 15 melhores que passavam às semifinais.

Inconformada com o resultado, Ana passou correndo pela área de entrevista e foi para o vestiário. Alguns minutos depois, voltou um pouco mais calma e de óculos escuros. “Tenho que levantar a cabeça. Muitas pessoas vieram me consolar. Acho que a melhor lição depois de um erro é você continuar ainda mais forte. E é isso que eu pretendo levar daqui”, ressaltou a mineira de Iturama, que esteve em Londres 2012.

Ao deixar o espaço de competição, seguiu sendo abraçada por amigos e competidores. Ela tinha dito que os pais estavam por lá e viram a competição. “Mas eles já foram”, me falou. Quando a canoísta já entrava pelo prédio técnico, ela ouviu: “Ana, Ana”. Após olhar para a área de dispersão dos torcedores, correu até um portão entreaberto.

Os abraços se alongaram em uma cena comovente. O pai até reviveu momentos do passado e a carregou no colo. Instantes depois, chegou o técnico de Ana, o italiano Ettore Ivaldi para por fim ao momento de tristeza. Já a fez tirar os óculos e todos já posaram mais contentes para as fotos.

“Eu tinha uma expectativa muito grande. Meus resultados mostraram que era possível. Mas foi uma experiência muito grande. Estou feliz, apesar de tudo. Os Jogos, a Vila Olímpica, estar entre os melhores do mundo, me deu bastante experiência, apesar da minha descida. É continuar de cabeça erguida”, garantiu.

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