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Para se vingar

Mentira compromete atendimento 

Fabíola* estava na unidade policial pela terceira vez por medo da perseguição do ex-namorado, que já dura três meses

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PUBLICADO EM 05/10/15 - 03h00

A placa na sala de espera da delegacia explica que à “Denunciação Caluniosa”– prestar queixa à polícia de alguém inocente – cabe multa e pena de reclusão de dois a oito anos. O aviso tem uma razão para estar ali: muitas mulheres mentem e até se “arranham no muro de chapisco” para incriminar o marido, como disse um policial. “Elas se utilizam do poder de uma lei (Maria da Penha), que é uma vitória para as mulheres, para se vingar e acabam prejudicando todo o trabalho”, afirmou a delegada Larissa Campos.

Com isso, a identificação de casos realmente graves e urgentes fica mais difícil. Na delegacia lotada, os investigadores têm essa difícil missão. Eles dizem que perguntam várias vezes para pegar a mulher na mentira, mas é preciso registrar todos os casos, pois nunca se sabe quando um ameaça dita “boba” pode acabar em morte.

Fabíola* estava na unidade policial pela terceira vez por medo da perseguição do ex-namorado, que já dura três meses. “Fiquei sabendo que ele foi preso porque bateu na nova mulher e, agora, tá atrás de mim”. Já Tânia*, 23, estava lá para denunciar a agressão sofrida no dia do batizado da filha. “Ele me jogou na parede e me chamou de ‘lixo’”. O motivo: “Ele achou que o padrinho (escolhido por ela) era ‘caso’ meu”.

E assim, chega de tudo no plantão: obsessão de ex, estupro de vizinho, pai que bateu nas filhas e na mulher, filhas que querem cobrar ajuda do pai, moradora de rua bêbada que apanhou e foi levada por guardas municipais, ex-namorada que brigou com a atual. A cada 20 minutos, uma nova história. Até me perguntarem: “Você também apanhou do seu marido?”. Ali, isso era o “normal”. 

Corpo de delito

FOTO: MARIELA GUIMARAES / O TEMPO
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Em caso de agressão, a vítima pode fazer o exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML) da única Delegacia de Plantão de Atendimento à Mulher. Porém, a equipe lá não funciona 24 horas, e, se for preciso, a vítima será remetida à sede do IML, no Gameleira. Olho roxo, marcas no pescoço e nos braços são as lesões mais comuns. Durante o exame, muitas defendem os homens. “Agressão quando envolve afeto não se mede”, diz a médica-legista Cláudia da Rocha. 

*Nomes fictícios

Rádio Super

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