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Ritmo lento

Canais inacabados ficam sem ligação

Floresta, em Pernambuco, tem canal engolido pela erosão e estação elevatória, que ainda está no papel

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Em Floresta, no distrito de Roças Velhas, erosão engole parte do canal
Em Floresta, no distrito de Roças Velhas, erosão engole parte do canal
PUBLICADO EM 07/10/13 - 03h00

Sertão nordestino. Por onde já deveriam estar correndo as águas da transposição do rio São Francisco, há apenas um vazio. O som das máquinas foi substituído por um incômodo silêncio. Em diversos trechos abandonados do canal, em Floresta, no sertão pernambucano, há apenas o ruído causado pelo vento, que bafeja um tremendo calor. O cenário de abandono parece completo em meio a pedaços da obra que já estão prontos, porém, sem ligar nada a lugar nenhum.

Porta de entrada do eixo Leste da transposição, que tem 217 km de extensão, Floresta vive uma dicotomia. Próxima às águas do rio, a cidade passa por uma seca acentuada e assiste às obras evoluírem de forma quase imperceptível. Às margens da BR–316, onde há um importante trecho do projeto e uma estação elevatória de onde as águas partirão para o canal, o trabalho está praticamente parado. E tal situação se arrasta há três anos, conforme contam moradores. A elevatória tem a função de fazer a água subir ao canal, que está em nível diferente do leito do rio, e depois seguir pelos dutos por efeito de gravidade. Para isso, haverá o uso de bombas, que funcionarão à base de energia elétrica.

Tudo ali remete ao tempo perdido e ao desperdício de dinheiro público. Em outro ponto, já na zona rural de Floresta, no distrito de Roças Velhas, a erosão engoliu parte do canal, e o concreto se desfez. Só agora uma nova construtora assumiu os trabalhos, que deverão ser refeitos.
A poucos quilômetros do futuro canal, abandonado no meio da caatinga, um dos primeiros canteiros de obras da transposição do rio São Francisco mais parece uma cidade fantasma. A construtora abandonou o local há cerca de seis meses, de acordo com os moradores. Mas faltou cuidado. Além de tubos, vergalhões e manilhas expostos à implacável ação do tempo, um centro de resíduos perigosos está totalmente exposto. Barris de óleo e produtos tóxicos se aglomeram no espaço sem qualquer preocupação ou cuidado ambiental.

O abandono no canteiro é tamanho que a equipe de reportagem entrou na construção sem qualquer dificuldade, apenas pulando uma cerca, feita com um arame farpado já enferrujado. O local é bem-estruturado: há vestiários, refeitório, alojamento e galpões. Tudo está abandonado. O vento abria e fechava as portas das construções abandonadas, reproduzindo um certo clima de Velho Oeste em pleno sertão pernambucano.

À porta dos alojamentos de operários – feitos para quatro pessoas e com o único luxo de possuir um ventilador –, a inscrição “Vazio” dava o tom do local: dinheiro público desperdiçado. Hoje, o que sobrou é apenas um arremedo do espaço que, em outros tempos, fora o símbolo da magnitude que a transposição sugeria.

Na outra ponta do terreno de pelo menos 15 mil m², atrás de uma cerca, estavam dois vigias. Os homens passam os dias sem ter muito o que fazer. “Há seis meses que não tem nada aqui. Isso tudo se tornou apenas refúgio de uns animais”, explica um deles, apontando para uns bodes que tentavam encontrar pasto ali.

Rádio Super

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