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Choro sentido

Seca e mortes de animais emocionam agricultor

Manoel Augusto da Silva ganha salário mínimo, mas teve que pagar R$ 180 por 2.000 litros de água para dar às 400 cabeças de gado na vizinhança de Floresta

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PUBLICADO EM 08/10/13 - 03h00

Dentro de uma bacia, feita com pneu de caminhão e uma chapa de aço, uma criança de 9 anos brinca em meio à água. A cena, aparentemente incongruente em se tratando de sertão, revelava uma diversão pouco comum por aquelas bandas de Floresta. Ainda assim, aquele menino parecia feliz, mesmo diante da secura da paisagem em seu entorno.

Dentro de casa, o pai adotivo dele, o agricultor aposentado Manoel Augusto da Silva, 63, faz as contas para o dinheiro chegar ao fim do mês. Pela primeira vez, diz o homem, foi preciso comprar água para dar às 400 cabeças de bode que ainda resistem por ali. Não fosse isso, os animais começariam a passar sede.

“Paguei R$ 180 por 2.000 litros. E ganho salário mínimo, moço. As criações são uma ajuda”, conta. Para beber, há a água do caminhão-pipa da prefeitura. O rosto duro, marcado pelo tempo e pelo trabalho, cede lugar a uma feição chorosa. As lágrimas começam a rolar. Manoel está com os nervos à flor da pele. Conta os centavos para conseguir sustentar a criança e a mulher, Maria Edvânia Aleixo da Silva.

E, entre soluços e acessos mais fortes de choro, Manoel deixa seu futuro nas mãos divinas. “Ponho nas mãos de Deus. Estou velho e nem sei se verei essa obra feita”, diz. “Sei que vocês são pessoas de bem e estão tentando ajudar a gente. Por isso, não seguro a emoção”, diz o homem. Enquanto chora, Manoel conta as horas de vida de dois cabritos recém-paridos. “Não vão sobreviver”, sentencia. Metros adiante, havia três filhotes que morreram de sede e sucumbiram à seca.

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