Espiritualidade

Britânica refaz vida passada

Jenny Cockell acreditou em suas visões e reencontrou seus filhos de outra encarnação


Publicado em 20 de agosto de 2019 | 03:00
 
 
 
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Jenny Cockell tem 66 anos e nasceu e vive no Reino Unido. Mary Sutton nasceu em 1895 e morreu em 1932, na Irlanda. O que essas mulheres de épocas distintas guardam em comum?

Elas são a mesma pessoa. Isso mesmo. Jenny garante ser a reencarnação de Mary e, seguindo suas visões e intuição, encontrou sua família do século passado.

“Mary morreu 21 anos antes do meu nascimento (1953), aos 37 anos, mas as memórias de sua vida e de seu tempo sempre fizeram parte de mim, moldando de maneira decisiva a pessoa que me tornei”, revela Jenny, autora do livro “Minha Vida em Outra Vida”.

Nascida no seio de uma família não muito religiosa, desde a infância Jenny vivia dividida entre a vida atual e a passada. Tinha um sonho recorrente: estava num quarto de paredes brancas, respirava com dificuldade e tinha febre. A única certeza que tinha era a de que estava sozinha e à beira da morte, num lugar que não era a sua casa.

“Sabia que meu nome era Mary e que iria morrer. Meu temor não era exatamente pela morte, mas por estar deixando, contra minha vontade, oito filhos desamparados. Eu acordava em lágrimas e soluçando de raiva”, recorda Jenny.

Ela conta que, ao pesquisar seu passado, teve de desenterrar e enfrentar sentimentos de inadequação e medo. “Sabia que precisava encontrar meus filhos de ‘ontem’ ou minha vida seria sempre ofuscada pelas lembranças de um passado de tristeza, raiva e perda. De certo modo, meu livro foi escrito para e por causa dos filhos de Mary”, diz.

A maioria de suas lembranças acontecia quando estava acordada. “Grande parte dessas memórias vinha em fragmentos isolados, e, às vezes, eu tinha dificuldade de dar um sentido a elas. Outras partes eram repletas de detalhes. Era como um quebra-cabeça com certas peças apagadas, outras fora de lugar e algumas bem nítidas e fáceis de encaixar”, comenta Jenny.

Os filhos ocupavam a maior parte de suas memórias, assim como o chalé em que viveu e sua localização. Outros locais e pessoas não eram tão nítidos para ela.

Pergunto como ela pode afirmar que suas memórias são de sua vida passada. “Eu apenas sei, porque me lembro nitidamente de muitos eventos, lugares e sinto as emoções. Sempre me intrigou o fato de que a maioria das pessoas não consegue se lembrar de suas vidas passadas. Escrever o livro me ajudou a descobrir que o que era normal para mim não era para as outras pessoas”, ressalta Jenny.

Mary casou-se cedo com um forasteiro, um ex-combatente da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que logo se mostrou soturno e agressivo. Jenny casou-se e tem dois filhos. Durante algum tempo, envolvida com os cuidados com a casa e os filhos, ela deixou sua busca pelo seu passado em segundo plano. Mas nunca desistiu de descobrir a verdade.

Ela se submeteu a diversas sessões de hipnose. Relembrou fatos da juventude de Mary, antes do seu casamento, e do cotidiano vivido na vila de Malahide, localizada próximo a Dublin, na costa leste da Irlanda.

“A obsessão por minha vida passada nunca foi deixada de lado. Conforme meus filhos cresciam e a força do meu sentimento materno era nutrida pelo amor deles, aumentava também a necessidade de encontrar minha família de outra vida. Aquelas crianças tinham sido privadas ainda na infância daquilo que os meus filhos estavam desfrutando agora, por isso sentia que tinha que fazer algo a respeito”, argumenta a britânica.

Ela diz que não foi mera coincidência o fato de que sua necessidade de ir atrás de seu passado se intensificou conforme se aproximava da idade com que Mary morreu.

Quando finalmente revê filhos de Mary, Jenny se emociona

Certo dia, Jenny Cockell foi surpreendida por uma ligação. Era Jeffrey, um dos seus filhos. “Ele revelou-me vários detalhes sobre a família e deu os endereços e números de telefones de dois dos irmãos, Sonny e Francis. Os garotos, Sonny, Jeffrey, Christopher e Frank, tinham se encontrado anos antes, mas o paradeiro das meninas era desconhecido”, relembra.

Jenny tomou coragem e ligou para Sonny. “Quando ele atendeu, ouvi uma voz suave com forte resquício de um sotaque do sul da Irlanda. Eu me lembrava dele como uma criança direta e franca, portanto sabia que precisava ser bem sucinta sobre quem era e por que estava ligando”, diz.

Ela contou a ele suas lembranças da família, falando rapidamente do chalé e sua localização, que ele confirmou estar correta. “Fiquei emocionada. Era algo que não tinha sido capaz de confirmar até aquele momento”, comenta Jenny.

O primeiro encontro aconteceu em 1993. “Estive com cinco filhos de Mary, incluindo Christy, que conheci pela primeira vez. Foi também a primeira vez que a família esteve junta desde 1932. Eles foram muito receptivos. Apenas Bridie ainda estava desaparecida. Phyllis descobrira que ela e o marido haviam viajado para a Austrália na década de 50”, recorda Jenny.

A britânica tem ótimas lembranças do encontro. “Aproveitamos a oportunidade para ficar um tempo juntos. Cada membro da família explicou como entendia minhas memórias sobre o tempo em que fui a mãe deles. As reações variaram entre a aceitação da reencarnação e à crença de que Mary estava falando através de mim”, comenta.

Jenny revelou para os filhos de Mary detalhes de suas infâncias. “Meu passado sempre foi muito real e, junto dos filhos de Mary, fui capaz de ver as crianças crescidas e saber que elas estavam bem. Phyllis foi o último filho a morrer, em 2012”, finaliza Jenny.

Informações sobre os filhos

Jenny Cockell escreveu várias cartas para os moradores de Malahide, indagando sobre uma mulher, provavelmente chamada Mary, que teria vivido num chalé (deu a sua localização), possuindo oito filhos, tendo morrido na década de 30.

Uma de suas cartas foi respondida pelo senhor Mahon: “A mãe era a senhora Sutton. Acredito que seu esposo era um soldado britânico que lutou na Primeira Guerra. Após a morte de Mary, os filhos foram enviados para orfanatos”.

Jenny obteve o nome e a data de nascimento dos filhos: Sonny (1919), John (1923), Philomena (1925), Christopher (1926), Francis (1928), Bridie (1929) e Elizabeth (1932). Começava aí o plano do reencontro.

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