Em termos de volume de vendas, o mercado brasileiro foi do céu ao inferno na última década. A partir de 2007, quando foram comercializados 2.972.822 veículos (entre automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões), o setor automobilístico bateu recordes de vendas ano após ano, até chegar ao volume de 3.740.418 emplacamentos em 2013. Em 2014, porém, houve queda de 7,1%, com 3.498.012 novos veículos nas ruas. E, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 2015 deverá terminar com uma retração ainda mais acentuada, de pelo menos 27,4%.
Paulo Garbossa, da consultoria ADK Automotive, explica que os ótimos resultados colhidos pelo setor automotivo até 2013 foram consequência do bom momento econômico que o país atravessava. “Havia uma série de fatores, como estabilidade de emprego, facilidade de compra e incentivos fiscais”, diz. A queda registrada nos anos seguintes reflete uma mudança nesse cenário.
Com a crise econômica, o consultor aponta o advento de um novo problema para o setor automobilístico: a alta do dólar, que aumenta os custos de produção e, consequentemente, o preço final dos produtos. “A tendência é que os carros subam de preço, inclusive os nacionais, porque eles têm componentes importados”, pondera.
Apesar dos percalços que ocorreram em 2014 e em 2015, Paulo Garbossa acredita que a situação econômica do Brasil irá melhorar gradualmente já a partir de 2016, o que deverá voltar a trazer resultados positivos ao mercado de veículos. “Em meados do ano que vem, as vendas irão voltar a subir. Pouco a pouco, mas vão subir”, prevê.
Concorrência
A boa notícia para o consumidor é que o bom momento que a indústria atravessou até 2013 fez com que surgissem novas marcas e modelos de veículos no mercado, aumentando consideravelmente o leque de opções. “Com isso, o mercado para o consumidor ficou melhor que para as montadoras”, analisa o especialista da ADK Automotive.
Paulo Garbossa explica que a chegada de novos veículos já provocou mudanças no comportamento dos compradores. Um exemplo é o Volkswagen Gol, que, após se manter como líder de vendas do mercado brasileiro por expressivos 27 anos, perdeu o posto, no ano passado, para o Fiat Palio. “Em 2009, eram vendidas aproximadamente 300 mil unidades anuais do Gol. Em 2014, o Palio foi líder com 160 mil emplacamentos”, aponta.
Mais que a mudança de posição no ranking de vendas de veículos do Brasil, o consultor chama a atenção para a pulverização dos números entre diferentes modelos. “Novas opções, como o Chevrolet Onix e o Hyundai HB20, já abocanharam grande parcela do mercado pouco após serem lançados”, destaca.
Neste ano, o HB20 já é o terceiro veículo mais emplacado, na soma dos resultados de janeiro a outubro. Já o Onix é o segundo, mas pode terminar o ano em primeiro: é que o hatch da Chevrolet assumiu a liderança em agosto e, desde então, tem ficado à frente do Palio, que ainda é o mais vendido no resultado acumulado. Se mantiver a posição em novembro e em dezembro, o Onix deverá terminar o ano à frente do modelo da Fiat.
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