"Não existe almoço grátis". A expressão oriunda dos tempos do Velho Oeste e comum nos livros didáticos de economia parece que começa a valer, na prática, para o futuro da mobilidade urbana nos Estados Unidos. Isso porque pelo menos 12 dos 50 Estados do país já se mobilizam para evitar perdas milionárias de arrecadação com a propensa popularização dos carros híbridos ou puramente elétricos.
O último deles foi o Estado de Maine, na costa Leste dos EUA, que pretende cobrar uma taxa anual extra dos donos desses novos veículos por eles visitarem pouco ou nunca os postos de gasolina. A explicação é simples, perda milionária dos governos estaduais com a arrecadação de impostos dos combustíveis fósseis (gasolina, etanol ou diesel).
Taxa salgada
Entre os 12 Estados norte-americanos que já discutem a criação dessa nova taxa, Maine se destaca por sugerir a cobrança do maior valor anual, de US$ 250 (em torno de R$ 810). No caso dos híbridos, o valor cairia para US$ 150 (R$ 485).
Berço mundial das startups e das empresas de inovação tecnológica, a Califórnia inclusive já cedeu à pressão do governo e aprovou a cobrança de US$ 100 anuais pela circulação de cada elétrico ou híbrido nas ruas do Estado, a partir de 2020.
A verdade é que a proposta de sobretaxar os chamados carros "verdes" nos EUA tem sido questionada por órgãos ambientais e promete render ainda muito pano para manga. Na visão deles, o consumidor acaba sendo punido por comprar um veículo que praticamente não polui.
Vale lembrar que, em contrapartida, há incentivos fiscais para a compra de elétricos e híbridos tanto na terra do Tio Sam como na Europa. No Velho Continente, por enquanto, não há notícia de cobrança de taxa extra.
Caminho sem volta
Ao que tudo indica, a eletrificação dos veículos é um caminho sem volta. No ano passado, a frota mundial de híbridos e elétricos cresceu 55%, conforme relatório do Centro de Pesquisa em Energia Solar e Hidrogênio de Baden-Württemberg, na Alemanha.
No Brasil, o governo federal promete reduzir de 25% para 7% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos híbridos e elétricos. Será a mesma alíquota cobrada hoje para os veículos flex com motor 1.0.