Aumentou o número absoluto de novos casos de Aids no Brasil, em tendência contrária ao que se registra na média mundial. Dados divulgados nesta quinta-feira (20) pela UNAids, órgão das Nações Unidas para lidar com a epidemia, apontam que o total de novas infecções a cada ano no Brasil aumentou em 3% entre 2010 e o ano passado. No mundo, essa taxa sofreu contração de 11%.
A elevação no país é considerada pequena, passando de 47 mil novos casos em 2010 para 48 mil em 2016. Procurado, o Ministério da Saúde alegou que a grande população causa distorções na análise e teria sido melhor utilizar taxas de detecção da infecção, obtidas pela divisão do número de casos pelo número de habitantes. Assim, os dados epidemiológicos do Brasil indicariam a estabilização da epidemia, com viés de queda.
Mortes relacionadas à aids caíram pela metade desde 2005
O vírus da aids levou à morte de um milhão de pessoas em 2016, quase metade do 1,9 milhão registrado em 2005 - anunciou a ONU em um informe anual divulgado nesta quinta-feira (20), destacando uma "virada decisiva".
Mais da metade das pessoas infectadas no mundo recebe tratamento, e o número de novas infecções pelo vírus HIV está em queda, ainda que a um ritmo muito lento para conseguir conter a epidemia, de acordo com dados divulgados antes da inauguração no próximo domingo (23), em Paris, de uma conferência internacional sobre a aids.
"O número de mortes relacionadas à aids passou de 1,9 milhão em 2005 para um milhão em 2016", apontou o UNAIDS, o programa de coordenação da ONU contra a aids, em seu relatório anual sobre a situação da epidemia.
Esse avanço se explica, em grande parte, por uma melhor difusão do tratamento antirretroviral.
"Em 2016, 19,5 milhões de pessoas, do total de 36,7 milhões que vivem com HIV, tinham acesso a tratamento", ou seja, mais de 53%, segundo dados divulgados pelo programa.
"Nossos esforços deram resultado", comemorou o diretor-executivo do UNAISD, Michel Sidibé, citado no informe.
"Mas nossa luta para pôr fim à aids está apenas começando. Vivemos tempos difíceis, e os avanços conquistados podem se apagar facilmente", advertiu.
Ao todo, 1,8 milhão de pessoas foram infectadas no ano passado, o que equivale a uma contaminação a cada 17 segundos, em média.