Joaquim Antônio Bernardes Carneiro Monteiro, 57, doutor em estudos budistas pela Universidade de Komazawa, no Japão, e ministro de darma no budismo da Terra Pura (corrente do budismo japonês) está temerário sobre como a filosofia de Buda será abordada na novela “Joia Rara”.
“Esse é um tema de complexidade extraordinária, e não acredito que qualquer roteirista tenha a mínima noção do que se trata. Não vejo na TV Globo a capacidade de articular, em uma linguagem de novela, um discurso minimamente consequente sobre o assunto. Não percebo nada que seja vagamente parecido com o budismo”, alerta Joaquim.
Para ele, usar o termo reencarnação é um erro. “O budismo tem ideias como a impermanência e a insubstancialidade e não há como aceitar a ideia de uma mesma substância que se encarna, daí o termo renascimento”.
Para facilitar o entendimento sobre o tema, o especialista faz uma comparação usando as letras do alfabeto. “Sob a perspectiva da reencarnação, a letra A será sempre a mesma letra, mas muda de corpo, de roupagem. Pela ótica do renascimento, a letra A seria todo um conjunto de propensões mentais presentes no momento da morte e que vão provocar no futuro o surgimento de B, que surge em dependência causal de A. Existe um fluxo mental que tem independência relativa do corpo e não cessa com a morte. Não há coisas que sejam idênticas. O corpo morre, mas a mente é intangível”, finaliza. (AED)