Espiritismo

Especialista em resgatar a vida

Hospital Espírita André Luiz completa 50 anos trabalhando com saúde mental integral


Publicado em 26 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Localizado no bairro Salgado Filho, o Hospital Espírita André Luiz (Heal) é referência em todo o país no tratamento de pessoas com sofrimento mental e drogadição.

Neste mês, ele completa 50 anos de assistência humanizada com altos índices de recuperação. Seu diferencial é a abordagem alicerçada na doutrina espírita, guiada pelo acolhimento, pela fraternidade e pela humanização.

Para comemorar meio século de vida, vai acontecer nesta terça-feira (26) (ver agenda) o evento Setembro Amarelo, parceria entre o hospital, o Instituto Ser, o Instituto Ricardo Melo, a Associação Médico-Espírita de Minas Gerais e a Livraria Novos Rumos.

O tema principal será a “Visão médica, humanista e espiritual sobre o suicídio”. Um dos palestrantes é o psiquiatra Roberto Lúcio Vieira de Souza, que desde 2007 é o diretor técnico do Hospital Espírita André Luiz e vice-presidente das associações Médico Espírita do Brasil e de Minas Gerais. Além dele, o coaching Roberto Melo e o juiz de direito do Tribunal de Justiça de Minas Gerais Haroldo Dutra.

“A proposta do hospital é oferecer serviço de excelência em saúde mental e dependência química, por meio de abordagem integral do ser, ou seja, uma visão biopsíquica-sócioespiritual”, comenta o dirigente.

Atualmente, o hospital oferece 160 leitos e atendimento psiquiátrico, clínico e psicológico, terapia ocupacional, atividades socializadoras  (educação física, artesanato, dança, cuidados pessoais), terapia complementar espírita e assistência de enfermagem.

O hospital possui pronto-atendimento, internação, ambulatório e um centro de terapias e assistência social para dependentes químicos masculinos, quase totalmente em regime de filantropia.

O tema suicídio foi escolhido diante da gravidade da situação atual. “No Brasil, 32 pessoas se matam por dia, mais do que a Aids e alguns tipos de câncer. Desse total, praticamente oito são jovens entre 15 e 20 anos. O hospital interna uma média de quatro  pacientes com grave risco de autoextermínio. É preciso esclarecer a população de que, apesar de toda a gravidade, a maioria desses suicídios pode ser evitada”, ressalta Melo.

Embora o espiritismo veja o suicídio como uma falta grave do espírito em sua jornada evolutiva, “ao contrário das doutrinas cristãs tradicionais, ele aborda um aspecto consolador, mostrando novas oportunidades encarnatórias e a postura misericordiosa da lei divina a amparar esses infelizes”, finaliza o dirigente.

Agenda: O evento Setembro Amarelo acontece nesta terça-feira (26), a partir das 19h, no Clube dos Oficiais, na rua Diabase, 200, no Prado. As vagas são limitadas. Informações e inscrições: sympla.com.br/heal50anos. O investimento é de R$ 20, incluído o exemplar do livro “50 anos do Heal: da revelação espiritual  à prática clínica”.

Em 50 anos foram:

Mais de 100 mil pacientes atendidos

Mais de 500 mil diárias filantrópicas

Mais de 300 funcionários

Mais de 70 profissionais experientes da área da saúde

Mais de 400 voluntários

8 unidades de internação

160 leitos para internação

Ambulatório (psicologia e psiquiatria)

Eletroconvulsoterapia


Todo sofrimento educa a alma

A descoberta do espiritismo aconteceu quando ele tinha 15 anos e ganhou de um amigo o livro “Nosso Lar”, psicografado por Chico Xavier. Hoje, Haroldo Dutra Dias é juiz de direito do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, referência em doutrina espírita e autor de vários livros.

Para ele, o suicídio é um ato extremo de desespero. “Vivemos em uma sociedade materialista que nos contou uma grande mentira: somos apenas um corpo físico e a morte é o fim de tudo. É preciso erradicar essa mentira da sociedade e esclarecer às pessoas que somos imortais, que temos um pai, que é Deus, que vela por nós, e que as dores, as provas e os desafios desta vida são instrumentos pedagógicos que a providência divina se utiliza para o nosso engrandecimento espiritual” diz.

Para ele, o suicídio necessita de muitos olhares: (médico, psicológico, psiquiátrico e religioso) porque tem muitas causas. “O suicida, de modo geral, está em desespero, num momento de profunda crise existencial e merece de nós o mais profundo amparo, respeito, carinho e apoio para que não cometa esse ato de profunda falta de confiança em Deus e de profunda rebeldia com as circunstâncias da vida”, afirma.

O magistrado lembra que, para o espiritismo, “as provas desta vida são recursos que educam nossa alma, nos fortalecendo, nos tornando mais preparados para vivê-la. O suicida crê que está sozinho. O suicídio deve ser visto como pandemia, pois os números têm aumentado muito e vem atingindo pessoas das mais diversas faixas etárias. Ele deveria fazer parte de um programa de política pública. A doutrina espírita ensina que somos um espírito imortal e que, para além da morte, nos aguarda uma vida que trará a colheita da semeadura que fizermos nessa atual existência”, finaliza.

FOTO: arquivo pessoal
Haroldo Dutra
O juiz Haroldo Dutra é espírita desde os 15 anos

Desespero é ausência de conexão com Deus

O que leva uma pessoa a querer tirar a própria vida? “O suicídio é, infelizmente, uma porta por onde algumas pessoas acabam entrando quando se desconectam da consciência de suas ligações com Deus. O indivíduo perde a esperança e acaba desistindo das coisas a seu redor: família, saúde, objetivos de vida por causa dos problemas e das frustrações emocionais. O suicida é alguém que se perdeu de si mesmo, que está dando um grito de socorro silencioso, que necessita de auxílio, ajuda e carinho das pessoas que estão do lado de fora, mas, acima de tudo, ele precisa se reencontrar e a Deus dentro de si”, comenta Ricardo Melo, coaching e espírita.

Para ele, o suicida “é um irmão que é digno do nosso carinho, da nossa compaixão e da nossa atenção porque necessita de auxílio afetivo para enxergar que realmente a vida tem um significado, um porquê, que vale a pena continuar vivendo, independentemente dos desafios enfrentados”.

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