São Paulo. Os cientistas estão aceitando mais a ideia de manipulação genética de embriões, óvulos e espermatozoides. Isso, porém, só seria aceito para evitar que crianças nasçam com doenças hereditárias, quando não houver outras alternativas razoáveis e somente se existir um plano para mapear os efeitos da prática por múltiplas gerações. A nova posição em relação à manipulação gênica foi exposta em um relatório apresentado na última terça-feira pela Academia Nacional de Ciências e pela Academia Nacional de Medicina, ambas entidades dos Estados Unidos.
“É uma possibilidade real que merece considerações sérias”, afirma o relatório. “Antes era fácil as pessoas falarem que o procedimento não era possível e não era necessário pensar sobre isso”, diz Richard Hynes, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e um dos responsáveis pelo relatório. “No entanto, agora vemos que há formas de fazer isso, então, temos que garantir que a técnica será usada para os fins corretos”, completa.
Com os avanços na tecnologia conhecida por Crispr-Cas9, cientistas têm conseguido manipular genes de forma mais rápida e eficiente. O uso da edição do genoma já está sendo planejado para testes clínicos, ainda neste ano, em pacientes adultos com doenças como câncer e cegueira. Contudo, a prática hoje é proibida em humanos. Nesses casos, as modificações no DNA não seriam hereditárias, ou seja, não seriam passadas para possíveis descendentes.
Preocupação. A preocupação de muitos cientistas é a utilização do procedimento para aprimorar, por exemplo, inteligência, beleza e características físicas específicas. Além disso, quando realizadas em células germinativas (como óvulos), as alterações podem ser passadas para gerações seguintes, o que levanta uma questão ética. Cientistas que temem a técnica falam em uma sociedade dividida entre seres “melhorados” e os que não podem pagar por isso.
A polêmica é tanta que, em outubro de 2015, o Comitê Internacional de Bioética da Unesco pediu uma espécie de “moratória” sobre a Crispr-Cas9. Na época, os 36 cientistas do grupo pediram a proibição temporária do uso da tecnologia em células reprodutivas e sugeriram um amplo debate.
Dois meses depois, a comissão organizadora da Cúpula Internacional sobre Edição Genética Humana declarou que células ou embriões que passam por algum processo de edição genética não devem ser usadas para gravidez.
- Portal O Tempo
- Interessa
- Artigo
Manipulação de genes ganha apoio de cientistas nos EUA
Técnica só deve ser usada para prevenir doenças e com mapeamento de efeitos
Clique e participe do nosso canal no WhatsApp
Participe do canal de O TEMPO no WhatsApp e receba as notícias do dia direto no seu celular
O portal O Tempo, utiliza cookies para armazenar ou recolher informações no seu navegador. A informação normalmente não o identifica diretamente, mas pode dar-lhe uma experiência web mais personalizada. Uma vez que respeitamos o seu direito à privacidade, pode optar por não permitir alguns tipos de cookies. Para mais informações, revise nossa Política de Cookies.
Cookies operacionais/técnicos: São usados para tornar a navegação no site possível, são essenciais e possibilitam a oferta de funcionalidades básicas.
Eles ajudam a registrar como as pessoas usam o nosso site, para que possamos melhorá-lo no futuro. Por exemplo, eles nos dizem quais são as páginas mais populares e como as pessoas navegam pelo nosso site. Usamos cookies analíticos próprios e também do Google Analytics para coletar dados agregados sobre o uso do site.
Os cookies comportamentais e de marketing ajudam a entender seus interesses baseados em como você navega em nosso site. Esses cookies podem ser ativados tanto no nosso website quanto nas plataformas dos nossos parceiros de publicidade, como Facebook, Google e LinkedIn.
Olá leitor, o portal O Tempo utiliza cookies para otimizar e aprimorar sua navegação no site. Todos os cookies, exceto os estritamente necessários, necessitam de seu consentimento para serem executados. Para saber mais acesse a nossa Política de Privacidade.