A prática da meditação ainda é muito associada ao relaxamento e a pessoas que querem levar um estilo de vida mais “zen”. Mas esse estereótipo está sendo quebrado dia a dia pelas pesquisas que mostram que os benefícios da meditação vão muito além do relaxamento.
A técnica meditativa do mindfulness, conhecida no Brasil como Atenção Plena, tem mostrado resultados muito positivos. “O conceito de mindfulness designa um estado mental, psicológico. Se eu estou falando ao telefone, estou atento à conversa. Se estou caminhando, estou atento ao caminho. Essa técnica regula a nossa mente a ter foco nas atividades desempenhadas. Ela é aplicada nas áreas da saúde, da educação e no mundo empresarial”, explica Marcelo Demarzo, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Centro Brasileiro de Mindfulness.
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Uma recente pesquisa do Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados, da Inglaterra, demonstrou que a técnica é tão eficiente quanto medicamentos no combate à depressão. Outros dois estudos, da Universidade da Califórnia do Sul e da Universidade de Minesota, comprovaram que o mindfulness também se igualou aos medicamentos na luta contra a insônia.
Aqui, no Brasil, um grupo de estudos do Hospital Israelita Albert Einstein também pesquisa a prática. “Temos estudos mostrando os resultados da meditação no desenvolvimento da atenção, que é um processo envolvido em aspectos importantes da vida, como poder controlar melhor os impulsos. A atenção também está relacionada à aprendizagem”, conta a professora doutora Elisa Harumi Kozasa, pesquisadora do Instituto do Cérebro do hospital. O grupo já publicou outros trabalhos, que relacionam o mindfulness à melhor gestão da dor crônica.
Mas nem só quem tem quem algum problema de saúde se beneficia da prática dessa técnica meditativa. “Muitas pessoas não têm problemas, mas buscam a meditação para melhorar seu bem-estar e reduzir o estresse do dia a dia”, garante.
Esse foi o caso da fisioterapeuta Renata Fontes Viana, 46, que descobriu o mindfulness em outubro do ano passado. Casada e com dois filhos, ela reparte as horas do dia entre o trabalho, as crianças, o marido e a casa. “As práticas me ensinaram a prestar mais atenção no momento presente, sem ficar pensando no passado e no futuro o tempo todo. Isso diminuiu muito o nível de ansiedade e estresse. A meditação ajudou a focar o mundo interior, contribuindo para que eu preste mais atenção internamente em uma época quando tudo nos puxa para o mundo externo”, conta.
A psicóloga Kelma Medrado foi atraída para a técnica pela curiosidade e notou uma grande diferença não só em seu dia a dia, mas principalmente em sua visão de mundo. “Fiquei mais relaxada, me irrito menos, tenho mais autorregulação emocional e maior gentileza com os meus limites e com os limites dos outros. Tomei consciência da forma como eu processo as coisas. Isso me ajuda a não cair nos mesmos erros”, comenta.
Capacitada para conduzir grupos de mindfulness, ela é uma das fundadoras do Núcleo Mineiro de Mindfulness (Numi), que oferece em Belo Horizonte um programa de oito semanas de meditação com a técnica. (Com Felipe Bueno)
Serviço
Numi. Mais informações sobre os grupos de mindfulness podem ser obtidos na página www.facebook.com/nucleonumi, no Facebook, ou pelo telefone (31) 3201-4577.
“Quando nos damos conta do tempo e da sensação de vivacidade que perdemos ao realizarmos atividades de forma automatizada, passamos a enxergar a importância desse tipo de prática.”
Paulo Santos - Psicólogo clínico e coordenador do Numi