Movimento quer ‘desestressar’ a cidade 

Tentando não ficar alheio às situações agressivas que presenciava pela cidade, o publicitário Arthur Sant’ana, 25, chegou à conclusão de que faltava amor para os belo-horizontinos. Junto com a artista plástica Julia Fontes, idealizou então o projeto Desestressa BH.

“Trabalhamos com intervenções de forma espontânea, de 15 em 15 dias. “Quando a pessoa entrar no ônibus, podemos estar lá”. Não é um obrigação, explica ele, e nem há data definida para as ações.

Sant’ana diz que conta com voluntários para criar um ambiente que desestressa. “Querem realmente ajudar as pessoas a ter uma visão de vida diferente. A ideia não é ser professor, é um ajudando o outro. As pessoas precisam ser cuidadas”, afirma.

Uma das voluntárias é a estudante de pedagogia Bianca Teles, 22. “A era do medo contribui para que se crie uma população mais reprimida e medrosa. E o Desestressa vem com a possibilidade de trazer mais leveza a um povo tão temeroso”, diz.

Bianca diz que decidiu participar do programa ao perceber que podia levar mais calma, delicadeza e gentileza para o dia a dia das pessoas. Ela conta que já presenciou as reações mais diversas. “Na última vez em que fizemos uma ação no ônibus, ao falarmos da importância de amar, dar bom-dia, carregar a bolsa de quem está de pé, uma moça começou a chorar dizendo que era bom perceber que algumas pessoas ainda se importavam”, conta.

Em outra ação, Bianca conta que a ideia era colocar saquinhos de bala nos carros parados nos semáforos e não recolhê-los. “Muitos jogavam os sacos de volta na gente, desconfiavam, tentavam pagar, e teve gente que até saiu do carro”, lembra.

O segredo, segundo a estudante, que também muitas vezes diz se sentir insegura e desconfiado de todos, é se policiar. “Quando estou estressada lembro que faço parte do grupo, que não posso agir assim, e que tenho que contribuir para que a vida das pessoas seja mais leve”, ensina. (LM)