A maior caverna subaquática do mundo, recém-encontrada no México, está se mostrando uma verdadeira fonte de achados arqueológicos. Durante mergulhos no local, foram encontrados restos humanos de diferentes períodos da história, de no mínimo 9.000 anos.
Além disso, também foram identificadas ossadas de preguiças gigantes, elefantes e ursos antigos que teriam vivido na chamada Era do Gelo, bem como um complexo espaço no qual os maias teriam adorado o deus do cacau e da guerra e benfeitor dos mercadores. Os artefatos estão localizados na península de Yucatán, no Estado sulista de Quintana Roo, local repleto de monumentos do povo maia, cujas cidades contavam com uma rede extensa de escoadouros ligados a águas subterrâneas, conhecidos como “cenotes”.
Engenharia complexa. As relíquias incluem um santuário para o deus maia da guerra e do comércio, com uma escada acessada através de um furo no meio da selva. Muitas outras centenas de buracos que se conectam à caverna têm sinais elaborados de atividade ritual em torno deles, disseram os arqueólogos. Segundo o Instituto Nacional de Antropologia e História (Inah), responsável pela divulgação da pesquisa, os antigos maias viam as cavernas – e especialmente aquelas que levavam à água – como lugares extremamente sagrados.
Segundo a equipe, no mês passado, foram identificados dois sistemas de cavernas, chamados de Sac Actun e Dos Ojos. O mapeamento aponta que eles estão conectados, o que determina que o complexo subaquático é o maior do mundo.
O conjunto de cavidades interligadas mede aproximadamente 347 km. Entretanto, se for comprovada a conexão com outros sistemas vizinhos, o local pode ter uma extensão gigantesca, de até 1.000 km, segundo os arqueólogos.
De acordo com o Inah, é muito improvável que haja outro sítio arqueológico no mundo com essas características. Isso se deve à quantidade impressionante de artefatos no interior da caverna e ao nível de preservação deles.
História. Os arqueólogos afirmam que os materiais recolhidos têm, no mínimo, 11,7 mil anos, podendo chegar até o período do Pleistoceno (há 2,6 milhões de anos).
Processo. De acordo com o mergulhador Luciano Lago, as expedições subaquáticos para mapeamento de cavernas conta com uma série de ações. “Localizamos possíveis pontos de existência desses locais. Depois, vamos até e, durante o mergulho, utilizamos linhas que são colocadas a cada cinco metros, para não nos perdemos e conseguirmos medir a extensão do lugar”, afirma.
Mineiro descobre gruta subaquática
O mergulhador Luciano Lago, de Belo Horizonte (MG), é responsável pela descoberta inédita de uma caverna localizada em Tulum, no México, que foi batizada de Mar a Mar.
De acordo com Lago, que é instrutor de mergulho em Belo Horizonte, o achado aconteceu durante uma expedição com o explorador alemão Robert Schmittner, o americano Martyo O’Farrel e o canadense Jim Josiak, no ano passado. “Eu estava lá para um curso de mapeamento de mergulho. Utilizando o Google Earth, identificamos possíveis pontos de cavernas subaquáticas e fomos a campo”, diz.
Ele conta que a caverna foi localizada depois de três horas de mergulho. “Até que achei rápido. No total, ela tem cerca de 60 km de extensão e é formada por uma rede de labirintos profundos”, explica. “Ajudamos a contribuir para a preservação da nossa história”, diz.
FOTO: Luciano Lago |
O mergulhador Luciano Lago descobriu uma caverna subaquática |