SPFW

Deu praia para todo mundo

Apresentando coleções pensadas especialmente para o próximo verão, o São Paulo Fashion Week contou com marcas empenhadas em apresentar, com diversidade, o beachwear brasileiro


Publicado em 10 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Não tem como falar de praia sem recorrer à palavra “diversidade”. Isso porque, nas areias da vida real, há espaço para que qualquer corpo – gordo ou magro – reivindique seu lugar ao sol sem que o julgamento do outro se dê de modo tão marcante quanto no universo das passarelas da moda.

Mas, sim, também no mundo fashion é possível vislumbrar uma atmosfera democrática, quando o criador privilegia, em seus desfiles, a representatividade, como fez Ronaldo Fraga. No recém-encerrado São Paulo Fashion Week, o mineiro investiu pela primeira vez na moda praia – no caso, pautando-se pela diversidade. Maiôs-shortinho, bermudas com suspensórios acoplados e macacões listrados remeteram o público aos anos 20, quando a elite tupiniquim descobriu a praia, frequentando-a com trajes que tentavam reproduzir os costumes europeus.

Sempre engajada, a passarela Ronaldo Fraga contou com modelos plus size, amputados e de idades variadas, mostrando que a areia ideal deve acolher mais de um tipo de corpo – aliás, bandeira que o mineiro vem levantando há mais de uma temporada.

A boa surpresa foi a presença da top model Fluvia Lacerda, destaque internacional no nicho plus size e que desfilou pela primeira vez na semana de moda paulistana. Aproveitando a liberdade de ser, ter e vestir o que quiser, Ronaldo encerrou o desfile com uma camiseta criticando as recentes diretrizes políticas do presidente Michel Temer. A peça, pensada pelo próprio criador, vai estar disponível para venda em breve.

Ousadia. Embora a moda esteja cada vez mais sintonizada com a ideia de que um padrão de beleza só não faz verão – e não vende – , por outro lado, desfiles de marcas tradicionais, como Água de Coco, Lenny Niemeyer e Trya, não economizaram modelos que ostentam corpos bronzeados e magros. Ainda assim, as peças mostram que, para o próximo verão, há, sim, espaço para a escolha. Quem virou fã da calcinha alta, como a hot pant, pode comemorar: a peça segue em alta. Já para quem gosta de ousar, modelos cavadíssimos, que chegam a deixar em evidência a virilha, também prometem dar o ar da graça, assim como tops que deixam a lateral dos seios à mostra.

Shortinhos, hot pants e saídas de praia ganharam roupagem brilhante de cetim em branco, rosa e roxo. Já o lurex, tecido herdado dos anos 80 e que tem sido aposta recente de várias grifes, aparece com graça na coleção da Água de Coco.

Outro resgate é o do microtule, que ganha versão adaptável para molhar, garantindo um toque a mais de sensualidade à moda praia.

Já na Vix, o destaque ficou para biquínis e maiôs asa-delta combinados a saídas de banho esvoaçantes, calças de seda de cintura baixa e vestidos tomara que caia.

Lenny Niemeyer, nome forte no beachwear brasileiro, se inspirou no trabalho de artistas como Hilma AF Klint e Emma Kunz para estampar maiôs – pensados também para o asfalto e decorados por tear de fios pintados e modelados à mão que, de longe, pareciam abraçar e modelar o corpo das modelos. Peças com decotes ombro a ombro e camisões com mangas bufantes e gola alta completaram a coleção.

Diversidade em foco. Aliás, mais do que apresentar as apostas dos criadores, vale destacar que o SPFW ratificou a tendência de colocar, na passarela, as chamadas “pessoas reais”, contemplando vários biótipos e estilos – estratégia que provavelmente reverbera a pressão das redes sociais, onde consumidores manifestam seu anseio em ver as marcas mais conectadas com a realidade.

Na verdade, marcas como a LAB, dos rappers e irmãos Emicida e Evandro Fióti, vêm praticando essa filosofia desde sua estreia. Nessa edição, a grife optou novamente por casting formado majoritariamente por negros e plus size. Já Gloria Coelho trocou modelos por “mulheres reais”, como a atriz Alinne Moraes, a cantora Marina Lima e a apresentadora Isabella Fiorentino. Paula Raia, por sua vez, apostou em uma modelo albina. Raquel Davidowicz, da Uma, repetiu a temporada passada e colocou a ex-modelo Suzana Kertzer (67) no casting. (*com agências)

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