Para usar quando quiser 

Inverno ou verão? Fica a sua escolha. Pelo menos no que depender da última edição do São Paulo Fashion Week, o maior evento de moda do país, que aconteceu no parque Ibirapuera – Pavilhão da Fundação Bienal, na semana passada. A edição foi batizada apenas de SPFW N41 e marca uma nova etapa do calendário fashion nacional, que abandona a nomenclatura de inverno/verão, e assim, deixa de ter uma ligação direta com as tendências de acordo com os termômetros. Em território brasileiro, a mudança parece ainda fazer mais sentido, já que o inverno é quase inexistente e, quando vem, passa rápido, além de concentrar-se mais na região Sul do país.

Os desfiles, de modo geral, investiram na estação que mais predomina no Brasil; o verão. Além de abolir a divisão das estações, o evento pretende se adequar mais à realidade atual do consumidor, motivo que fez com que as grifes investissem em uma moda mais “pé no chão”, focando em looks ainda mais comerciais. A moda praia, por exemplo, transita tranquilamente no asfalto, mesmo que este seja a selva de pedras em São Paulo, e mostra seu potencial nessa edição com Adriana Degreas, Lenny Niemeyer, Salinas e Amir Slama.

Marcas apresentaram uma proposta mais casual. Mas isso não impediu que extrapolassem a capacidade criativa de cada um dos estilistas. Ronaldo Fraga, por exemplo, que sempre carrega poesia em sua passarela, consagrou, mais uma vez, seu trabalho artesanal ao tratar da situação dos refugiados e a herança que cada uma das pessoas carrega por meio das roupas.

De olho nas tendências globais, a alfaiataria emprestou para marcas como Apartamento 03, Uma, A. Brand e À La Garçonne – esta última marcou sua estreia no evento sob direção criativa de Alexandre Herchcovitch – a sua capacidade de se vestir confortavelmente vários tipos de corpos, independentemente de gênero. Para isso, abusou de modelagens oversized – razões para acreditar no movimento gender-bender ou mesmo no conforto ditando ainda mais importância na hora de selecionar o look para se vestir. Peças fluidas sobressaíram na passarela de Lilly Sarti e Adriana Degreas, e, para marcar a silhueta, o truque de styling ressaltou: amarrações em diversos tecidos, uma sacada de mestre para se fazer na vida real.

O que vai pegar

As estampas, por exemplo, puderam ser contadas quase que a dedo. Quando surgiram na passarela, seguiram a linha do tropicalismo da fauna e flora e poucas aparições em xadrez e grafismo – este ficou a cargo de Reinaldo Lourenço. A Patbo partiu das cores da bandeira pra criar a sua coleção bem colorida com estampas que acompanhavam bordados, às vezes brilhantes, e que fazem parte do DNA do estilo de Patrícia Bonaldi, mineira que entende de moda festa. Os vestidos, entretanto, que cabem tranquilamente em ocasiões mais formais, ganharam ares casuais em um encontro feliz e despretensioso com jaqueta jeans – peça que ganhou o toque da marca com detalhes manuais.

Chamaram atenção também as saias plissadas, comoas da A. Brand, que dão aquele toque fresh que precisamos para encarar dias mais quentes. O tricô também ressurgiu nas saias da Gig e Lolitta, e Juliana Jabour trouxe sua versão da peça em tecido brilhante. A marca também investiu na clássica jaqueta bomber, num toque esportivo que também pontuou outras coleções no SPFW.

Além das camisas, as maxijaquetas jeans apareceram em vários desfiles, tornando-se mesmo a peça da temporada e mostrando que você ainda vai usar uma. O item apareceu com modelagem bem ampla, brincou também com os patches – espécie de broches temporários para dar uma renovada na peça – e ganhou bordados e recortes.

Mas quer uma pedida para adequar a realidade da passarela a seu closet? Vá de denim, o tecido usado quase que unanimamente em criações que extrapolam todas as sugestões que você até então poderia imaginar. Ensaiam o seu retorno a calça com aplicações bordadas, como mostrou a Iódice, e a pantacourt. Já o top cropped parece que vai ficar mais dentro do armário do que fora dele.