O Brasil é um dos poucos países que mantém o uso da cor branca como tradição na noite do Réveillon. Não é o único, mas, de fato, isso tem a ver com nossas tradições africanas. O branco, que simboliza a paz, é a cor de Oxalá, orixá do Candomblé associado ao poder de criação do mundo, à fertilidade e à rejeição à violência. A roupa nova também faz parte do ritual – esse não só por aqui – de renovação das energias.
Não à toa, várias das marcas brasileiras (e algumas das internacionais de olho no mercado daqui) criam coleções especiais para a virada do ano. Elas geralmente têm menos peças e são todas brancas. A Farm, a Le Lis Blanc e a mineira Regina Salomão foram algumas das que entraram nessa onda. Regina Salomão, aliás, criou o segmento de Réveillon pela primeira vez em 2014. “A coleção, sucinta, com 30 modelos, é dividida em duas vertentes, uma mais clube – no estilo Copacabana Palace, mais focada em transparências, decotes, franjas e rendas e menos em brilhos –, e outra em praia, formada por batinhas, shorts, saias e vestidos curtos”, diz Cristina Salomão, do estilo da grife. Ela lembra ainda que o DNA da marca é extravagante, feito para mulheres cheias de autoconfiança.
Outra mineira, a Alfreda, tem a moda festa de luxo como marca registrada. Com uma coleção de 12 modelos, a grife focou modelos sofisticados para a ocasião. “Investimos em tecidos refinados como seda, renda, tule e pedrarias, já que nosso público é sofisticado e costuma frequentar festas da alta sociedade, eventos luxuosos e badalações com celebridades”, diz Daniel Alvez, estilista e dono da Alfreda. Cada grife, no entanto, cria roupas para esta época no seu respectivo estilo. Tudo na cor da virada para a mulher poder comprar na que a representa melhor.
Branco o ano todo
O maior dilema na hora de escolher a roupa branca para essa ocasião é, geralmente, a dúvida sobre o que fazer com ela depois. Se sua opção for consciente, no entanto, não há com o que se preocupar. O branco é tão básico quanto o preto no guarda-roupa e costuma reinar absoluto no verão. Além disso, o branco chapado, mais clássico, divide espaço há muito com o off-white. “O tom leitoso saiu de cena para dar lugar a esse ‘novo branco’ que, no resto do ano, pode ser tranquilamente misturado ao preto e a outras cores nas produções, ou até mesmo tingido”, diz Cristina Salomão. Já para as clientes de Daniel Alves isso não é uma questão. “Ela gosta de inovar, e por isso nunca usa o mesmo vestido em dois eventos”, diz, mas ainda assim propõe: “Os vestidos podem ser usados em eventos de dias ou datas específicas, como batizados ou casamentos na praia”, completa.
De acordo com a consultora de estilo e professora do curso de moda da Faculdade Estácio Lúcia Maria Martins, “Investir em um look total branco é pessoal e está atrelado a simbolismos”. Para que ele possa ser aproveitado o ano todo, ela recomenda que se invista em produções de duas peças, com uma pegada mais casual. “Para que você possa desmembrá-las e usar depois, como calça ou saia e blusa”, aconselha. Para ela, o tom deve ser acompanhado de textura, tecidos nobres e estruturados que podem ser facilmente usados em todas as estações”. Se você é adepta da cor da paz, esses são truques espertos para aproveitar a produção escolhida durante todo o ano.