Resultados apresentados nesta quarta pelo laboratório farmacêutico Eli Lilly indicam que um novo tipo de droga teve efeitos promissores em pacientes com estágio inicial da doença de Alzheimer. Segundo o laboratório, pacientes que começaram a receber o medicamento de forma precoce beneficiaram-se mais do que aqueles que só passaram a ingeri-lo 18 meses mais tarde.
A nova droga, conhecida como Solanezumab, atua de maneira a impedir a formação de certas placas de proteína no cérebro. Acreditava-se que essas placas estivessem associadas ao desenvolvimento da doença por bloquearem as conexões entre células e levarem à perda de tecido cerebral. O êxito do estudo do Eli Lilly reforça essa hipótese e traz a esperança de que se tenha chegado a uma abordagem eficaz para deter a enfermidade.
Os resultados foram divulgados em Washington, durante conferência da Associação Internacional de Alzheimer. Em uma primeira fase, de 18 meses, um grupo de pacientes recebeu a droga, enquanto outro grupo ingeriu apenas placebo. Na etapa seguinte, todos tomaram Solanezumab.
Especialistas não envolvidos na pesquisa, no entanto, receberam os resultados com ceticismo. Segundo eles, o método utilizado não é universalmente aceito para comprovar que um remédio funciona e não traz comprovação sobre a eficácia de ataque às placas de proteína no cérebro. Outros pesquisadores admitiram dificuldade para interpretar os dados.
No total, participaram 581 pacientes. De acordo com os pesquisadores, o método, inédito nos estudos da área, ofereceu evidências de que o remédio consegue desacelerar o avanço da doença.
Segundo eles, as diferenças em cognição entre os dois grupos mantiveram-se preservadas 108 semanas e 132 semanas depois do início da segunda etapa, ou seja, o grupo a começar mais tarde com a medicação não alcançou os demais doentes. Segundo o Eli Lilly, isso significa que o Solanezumab retarda a progressão da enfermidade. Seria, portanto, mais benéfico começar a ingeri-lo antes.
O Eli Lilly vem realizando outro estudo com Solanezumab específico para pacientes em estágio inicial, com resultados previstos para 2017.
No Brasil. No país, um medicamento lançado pelo laboratório Aché é considerado por especialistas uma novidade para o tratamento da doença de Alzheimer. Trata-se da associação de duas substâncias: a donepezila e a memantina. A combinação das duas moléculas é recomendada pela Academia Brasileira de Neurologia como tratamento para os estágios moderados e graves da doença.
Segundo Mário Luiz Bochembuzio, diretor médico do Aché, a associação das substâncias proporciona mais benefícios ao paciente. “A donepezila reduz potencialmente os sintomas da depressão, ansiedade e apatia, enquanto a memantina pode reduzir os quadros relacionados à agitação, agressividade, irritabilidade, labilidade e psicose, reduzindo também o estresse do cuidador. A associação das moléculas também traz benefícios nas funções cognitivas, como a memória”, avalia.
De acordo com Andreia Frias, gerente de marketing do Aché, outra vantagem é a maior comodidade no uso: “O paciente poderá tomar apenas um comprimido ao dia. Isso é bastante positivo, pois esse paciente já toma outras medicações, e a redução do número de tomadas aumenta a aderência ao tratamento e facilita o controle por parte do cuidador”, explica. “Além dos benefícios terapêuticos, a nova associação possui preço mais acessível quando às substâncias isoladas”, acrescenta Andreia.
Medicamentos trazem nova esperança contra o Alzheimer
Um dos remédios conseguiu desacelerar avanço do mal, outro reúne dois inibidores em um só comprimido
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