RIO DE JANEIRO. Estudo publicado na “Nature Medicine” mostra que pacientes com leucemia resistentes a tratamento – inclusive aqueles que já passaram por técnicas de terapia genética mais recentes – podem tentar um outro tipo de estratégia de modificação de genes para vencer o câncer. No estudo, conduzida pelo Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos, a remissão completa com a nova terapia foi atingida em 73% dos casos.
A terapia genética voltada para o sistema imunológico se prepara para ser um dos tratamentos mais promissores para cânceres hoje sem terapia. Trata-se do avanço mais recente da chamada imunoterapia, técnica que estimula o sistema imunológico a atacar o câncer.
As bases da nova descoberta são dois tratamentos similares aprovados neste ano pela Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês) – órgão americano que regular medicamentos e alimentos: o Kymriah, da Novartis, para leucemia, e o Yescarta, da Kite Pharma para linfoma. Esses dois tratamentos promoveram remissões em pessoas em estágio avançado das doenças, sendo considerados revolucionários e quase “milagrosos” pelo mundo científico.
Pela estratégia, células de defesa são retiradas do organismo do paciente e modificadas geneticamente em laboratório para aprender a reconhecer o tumor. As novas estruturas são injetadas novamente no organismo com a esperança e objetivo de que o corpo tenha “aprendido” a reconhecer células cancerígenas.
A estratégia parece simples, mas na prática cientistas estão tentando todas as variações desse mecanismo para tentar vencer o câncer A pesquisa publicada na “Nature Medicine” busca um mecanismo diferente: as células de defesa T são modificadas para atacar um novo tipo de estrutura presente nas células malignas: o antígeno CD 22.
Um antígeno é uma estrutura presente nas células doentes que, por sua especificidade, deflagra uma resposta imune. Em um mecanismo similar à “chave-fechadura”, a célula imune (fechadura) se prende a essa estrutura (chave) e a “mata”. Nas terapias genéticas em curso hoje, a chave mais comum é o antígeno CD 19; no novo estudo, foi utilizada a estrutura CD 22.
A nova técnica, ainda em caráter experimental, poderia ser aplicada sozinha ou, mais provavelmente, ser usada em tratamentos combinados - análogos aos coquetéis antivirais para HIV ou aos tratamentos quimioterápicos para câncer feitos com múltiplos tipos de medicamentos - para aumentar as chances de remissão completa da doença.
Em entrevista ao “The New York Times”, os pesquisadores responsáveis dizem que o tratamento pode ter mais sucesso se associado a outras terapias, do que se administrado sozinho. Isso porque, embora alguns pacientes submetidos ao estudo tenham apresentado remissões duradouras, outros muitos tiveram recidivas.
Terapia gênica ‘cura’ leucemia
Remissão completa foi atingida em 73% dos casos, segundo instituto americano do câncer
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