A KTM já tinha em seu portfólio um modelo para bater de frente com as motos aventureiras de alta cilindrada, a 1190 Adventure. Mas a intenção era incomodar – ainda que não em vendas, mas em tecnologia – a alemã BMW com sua R 1200 GS. Não à toa, escolheu justamente o salão alemão de Colônia, em 2014, para mostrar oficialmente a 1290 Super Adventure, com um equipamento eletrônico que, visto apenas em sua ficha de técnica, parece até exagerado. E agora, um ano e meio depois de sua apresentação, a moto já está à venda no Brasil, com preço sugerido de R$ 96,5 mil.
O modelo de uso misto traz o propulsor da naked esportiva 1290 Super Duke R – ou seja, um dois cilindros em “V” de 1.301 L. Porém, algumas alterações foram feitas. Em vez dos 180 cv, a potência foi reduzida para 160 cv, a 8.750 rpm. A KTM privilegiou a suave e linear entrega de torque, com 11,01 kgfm disponíveis já a partir das 2.500 rpm. Mas chega a 14,28 kgfm ao atingir 6.750 giros. E a lista de equipamentos inclui um avançado controle de estabilidade desenvolvido em parceria com a Bosch, freios ABS, suspensões eletrônicas e controle de tração com quatro ajustes.
Na mão
A tecnologia de modo de condução e o controle de tração da moto regulam a entrega de potência do motor por meio do computador de bordo, a partir da derrapagem da roda motriz. O piloto pode escolher entre um dos quatro modos que usam mapeamentos diferentes do motor: Street e Sport mobilizam até 160 cv de potência máxima, enquanto Rain e Off-road limitam esse valor a 100 cv, entregues de forma menos “agressiva”.
Dependendo do modo de condução selecionado, o controle de tração permite diferentes níveis de derrapagem: suave no Street, rotação controlada das rodas no Sport e até 100% de derrapagem para pilotos mais aventureiros no Off-road. E a suspensão adapta as taxas de amortecimento em tempo real, de acordo com o comportamento do piloto, as condições do piso e as alterações de velocidade.
Limites da moto são quase indecifráveis para o piloto
No primeiro contato, pode parecer estranho para um piloto de estatura até normal sentar-se no banco da KTM 1290 Super Adventure. Isso em função do porte avantajado da motocicleta. Mas a verdade é que basta experimentar para perceber que o assento é espaçoso e confortável e sua instrumentação, apesar das diversas tecnologias aplicadas, é funcional e de leitura simples e intuitiva, a partir dos diversos menus presentes.
Os primeiros quilômetros são de adaptação, porque é impensável se sentir o “dono da situação” em tão poucos minutos no comando de uma moto tão grande e sofisticada. Mas já no trecho inicial, de 40 quilômetros de distância, são notórias a proteção que o para-brisa oferece à pressão do ar e a grande estabilidade da 1290 Super Adventure em curvas rápidas. Flutuações são controladas ao extremo, graças à configuração da suspensão, que filtra com tranquilidade as imperfeições do asfalto sem provocar oscilações irritantes. As vibrações são quase imperceptíveis, e o calor da moto não é sentido.
Segurança
Quando é necessário acionar os freios, não é preciso qualquer preocupação para fazer com que os três discos contenham os mais de 250 kg da KTM 1290 Super Adventure. A sensação de segurança é incrível em todo o percurso. Nos trajetos off-road, é possível alterar as configurações da suspensão semiativa e instituir o controle de tração com potência limitada a 100 cv, mas com a possibilidade de deixar certa liberdade de deslizamento da roda traseira. E essa entrega de força é feita da forma mais suave possível. Sem contar que os 100 cv são mais que suficientes para lidar com qualquer tipo de estrada. (AR/AP)
Sob a ação da eletrônica
Segundo a KTM, o controle de estabilidade permite que o piloto freie e acelere energicamente com segurança plena mesmo diante de estradas molhadas ou outras superfícies escorregadia – até nas inclinações de curvas. Para isso, quando os freios dianteiros são acionados, automaticamente é aplicada uma quantidade de força de frenagem na roda traseira. Já o sistema de regulação da derrapagem do motor, opcional no modelo, monitora o torque e, na prática, faz o inverso do controle de tração: evita o bloqueio da roda traseira quando se corta a aceleração ou se reduz uma velocidade.
A tecnologia aumenta ligeiramente a velocidade do motor, o que evita a derrapagem da roda traseira para os lados. E, como funciona em conjunto com o controle de estabilidade, o sistema avalia o ângulo de inclinação para aumentar o nível de segurança. Nas curvas, inclusive, são acionados com intensidade que varia de acordo com esse ângulo de inclinação, para iluminar o caminho. (AR/AP)