A Fiat Toro foi lançada há cerca de um ano, com duas opções de motor: 1.8 flex ou 2.0 turbodiesel. As versões equipadas com o primeiro são mais acessíveis, mas deixam a desejar em desempenho. Já o segundo acarreta um aumento de cerca de 20% no preço e inviabiliza a compra para parte dos consumidores. Foi para suprir essa lacuna que a picape ganhou, em novembro último, um propulsor 2.4 16V flex.
De origem Chrysler, esse motor é da família Tigershark e estreou no Brasil sob o capô do Fiat Freemont, em 2011. Na Toro, ele se tornou bicombustível, o que elevou a potência e o torque: são 174 cv com gasolina e 186 cv com etanol, a 6.250 rpm, além de 23,5 kgfm com o derivado do petróleo e 24,9 kgfm com o subproduto da cana-de-açúcar, a 4.000 rpm. Com bloco e cabeçote de alumínio, o 2.4 traz recursos como variação do tempo e da abertura das válvulas de admissão (tecnologia batizada de Multiar pelo fabricante), corrente de comando (que não exige trocas periódicas) no lugar da correia dentada e sistema start-stop (com desativação por meio de um botão).
O propulsor é acoplado unicamente a um câmbio automático de nove velocidades, que pode ser comandada sequencialmente pelo motorista por meio de aletas no volante, mas a tração é sempre dianteira; quem quiser uma Toro 4x4 terá que partir para as versões turbodiesel com a mesma caixa automática de nove marchas.
Com esse conjunto mecânico, a picape da Fiat tem desempenho muito bom. No trânsito urbano, há bastante agilidade em saídas de sinal e mudanças de faixa, e não falta força em ladeiras. Na estrada, é possível fazer ultrapassagens sem sustos e manter o ritmo em trechos de subida de serra. Outro ponto positivo é que as quatro últimas marchas do câmbio funcionam como overdrive, o que permite ao motor trabalhar em baixa rotação em rodovias, reduzindo o nível de ruído a bordo. As trocas são suaves, mas às vezes a central eletrônica demora demais a efetuá-las.
Já o consumo de combustível é elevado, o que não chega a causar surpresa em um veículo de 1.704 kg e equipado com motor de alta cilindrada: a reportagem registrou médias de 6,3 km/L na cidade e de 9,8 km/L na estrada, com gasolina.
Picape tem boa dirigibilidade
A Fiat Toro tem carroceria do tipo monobloco, como a maioria dos automóveis, e não sobre chassis, como as picapes maiores. A suspensão traseira também se assemelha à dos carros de passeio, com molas helicoidais e arquitetura multiponto (a dianteira é do tipo McPherson), bem mais sofisticada que os eixos rígidos com molas parabólicas que equipam a maioria dos veículos de carga.
Essas características fazem com que o modelo tenha dirigibilidade parecida com a de carros de passeio. A estabilidade em curvas é muito boa para um veículo de altura elevada, e o rodar é relativamente suave: não chega ao nível de um hatch ou um sedã, mas tampouco apresenta a sensação de pula-pula que costuma ocorrer em caminhonetes quando se trafega por pisos irregulares.
O motorista praticamente só se lembra de estar a bordo de uma picape na hora de manobrar: mesmo posicionando-se em um segmento intermediário de picapes, a Toro é corpulenta e tem expressivos 4,92 m de comprimento. Assim, manobrá-la em espaços apertados não é tarefa exatamente fácil. A direção com assistência elétrica não cansa o motorista nesses momentos, mas câmera de ré é item opcional: deveria ser de série, pois atenua a visibilidade traseira ruim, decorrente da altura da caçamba.
Por falar no compartimento de carga, ele é amplo, com 850 L de volume. Porém, vale destacar que a capacidade de carga das versões flex, tanto com o motor 2.4 quanto com o 1.8, é menor que a das similares a diesel: são 650 kg nas primeiras, ante 1.000 kg nas demais.
Interior é semelhante ao do restante da linha
O interior da versão Freedom da Toro não difere em função da motorização. Isso não chega a ser um defeito, pois o habitáculo é agradável, com acabamento bem-feito. O material predominante a bordo é o plástico rígido, padrão em picapes, mas os encaixes bem-feitos e a diversidade de cores e texturas dos revestimentos afastam o aspecto de simplicidade.
O espaço interno é amplo para quatro pessoas, e mesmo com cinco a bordo não chega a existir aperto excessivo. Ponto positivo, nesse caso, é a presença de encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos. O habitáculo traz ainda boa quantidade de porta-objetos.
A ergonomia é igualmente bem-resolvida. O motorista conta com um volante de pegada correta, ajustável em altura e profundidade, além de um banco que apoia bem o corpo, que também tem regulagem de altura.
Sem opcionais, preço começa em R$ 98,7 mil
O preço sugerido da Fiat Toro Freedom 2.4 é de R$ 98.730. O modelo vem de série com ar-condicionado, travas e vidros elétricos, controles eletrônicos de estabilidade e tração, controle de velocidade de cruzeiro, capota marítima, retrovisores com regulagem e rebatimento elétrico, sensor de pressão nos pneus e volante revestido em couro, além dos obrigatórios por lei freios ABS e airbags frontais, entre outros itens.
A lista de opcionais é extensa e inclui teto solar, barras longitudinais no teto, bancos parcialmente forrados em couro, airbags de cortina para os joelhos do motorista, faróis de neblina, sensores de chuva e crepuscular, retrovisor interno eletrocrômico, apoia-braço dianteiro e traseiro, tomada 12V e entrada USB extras, ar-condicionado digital, central multimídia com tela touch de 5 polegadas com GPS, câmera de ré e rodas de liga leve de 17 polegadas. Com tudo a que se tem direito, o valor chega a R$ 116.261. (AC com Auto Press)
Ficha técnica
Motor: Dianteiro, transversal, 2,360 L, quatro cilindros em linha, 16 válvulas.
Potência: 174 cv com gasolina e 186 cv com etanol, a 6.250 rpm.
Torque: 23,5 kgfm com gasolina e 24,9 kgfm com etanol a 4.000 rpm.
Câmbio: automático de nove marchas.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás.