O Brasil é cheio de “jabuticabas”, definição genérica para eventos, costumes e produtos que só existem por aqui. Esse exotismo também está presente no mercado de veículos. Um exemplo são as picapes compactas, produzidas apenas no país. Outro é a Honda Biz. Mais que uma mera idiossincrasia nacional, a mistura de conceitos de scooter e ciclomotor, proposta por engenheiros brasileiros, foi uma fórmula de sucesso – a ideia foi colocar um porta-capacete sob o banco, típico de scooter, em um ciclomotor.
Isso obrigou o fabricante a usar uma roda traseira menor, aro 14, mas funcionou. De tempos em tempos, a moto recebe melhorias e evoluções e uma nova mexida seria necessária em função da exigência de freios combinados ou ABS para 100% dos modelos a partir de 2019. A Honda, então, aproveitou o fato de a Biz completar 20 anos em 2018 para promover mudanças mais fortes.
Além dos freios combinados, disponíveis tanto na versão de 110 cc quanto na de 125 cc, a Biz ganhou uma nova roupagem. O desenho do escudo frontal, do faróis e dos piscas dianteiros ganharam linhas mais retas. As carenagens ganharam vincos mais marcados, e a rabeta redesenhada agora é finalizada em um conjunto ótico que reúne piscas e lanterna principal em uma só peça. A área interna do escudo também foi refeita e ganhou linhas mais fluidas. As cores externas são sempre sólidas na versão 110i – branco e vermelho – e perolizadas na 125 – laranja, vermelho, preto e branco. As duas últimas agora recebem acabamento do assento e da parte interna do escudo na cor marrom.
Praticidade
Na parte prática, o gancho de transporte à frente do piloto, que era fixo, agora é retrátil para cima, e a chave de ignição passa a acionar a trava do assento, como acontece nos scooters da marca. O porta-capacete sob o banco ganhou 10 cm na largura, para poder acomodar folhas de papel A4 sem que tenham de ser dobradas. Ali também fica instalada a tomada de 12 V. Diante do piloto, um novo painel – analógico na 110i e digital na 125.
Na parte mecânica, a alteração mais relevante foi mesmo a entrada dos freios combinados – CBS na sigla em inglês. Com o sistema, o pedal de freio aciona tanto a roda traseira quanto a dianteira – tambor na 110i e disco na 125. Quando o manete de freio é acionado, a atuação é apenas na roda dianteira. Outra alteração é que os modelos perderam o sistema de acionamento do motor por pedal. Agora contam apenas com partida elétrica. No mais, os propulsores, ambos monocilíndricos e com injeção eletrônica, se mantiveram iguais. Na Biz 110i, ele tem 109 cc, usa apenas gasolina e rende 8,33 cv de potência e 0,89 de torque. Já na 125 são 124,9 cm³, é flex e rende 9,2 cv e 1,04 kgfm de torque. O câmbio é sempre o rotativo de quatro marchas com embreagem automática.
Atualmente, a Biz é a terceira motocicleta mais vendida do país – fica atrás apenas da CG e da Bros –, com média neste ano de 9.000 unidades por mês.
Prática, fácil e agradável de pilotar
A Honda mexeu no visual e em algumas características técnicas da Biz, mas não mudou o que ela tem de mais valioso, que é o fato de unir a praticidade de um scooter com a agilidade – e o custo – de uma motocicleta.
Ela continua prática, fácil e agradável de pilotar. Mesmo na versão 110i. Na verdade, a diferença de potência entre as duas versões não chega a interferir na diversão de pilotar o modelo. Apenas as vantagens técnicas da 125 justificam o preço – é flex, tem freios a disco e painel mais moderno.
Os freios combinados incrementam a segurança do modelo, mas a rigor deve-se reconhecer que a ciclística da Biz já era bastante equilibrada. O câmbio rotativo exige uma certa familiaridade e obviamente não é tão prático quanto um CVT. Mas aí entra novamente a questão do custo.
Em relação ao novo design, a Biz ganhou alguma sofisticação com as novas linhas. Ficou com aparência mais moderna e atraente. Ainda mais com os novos acabamentos em marrom.
Detalhes
Aviso no painel. Na Biz 125, o painel de instrumentos é totalmente em LCD e usa a tecnologia blackout, com fundo escurecido que melhora a visualização das informações, é dotado de uma Eco-Lamp, luz alerta que avisa o condutor quando o estilo de pilotagem é o que melhor contribui para a economia de combustível.
Assistência. A Biz 110i e a Biz 125 têm três anos de garantia e sete trocas de óleo gratuitas.