SÃO PAULO. Poucas coisas fazem sentido no mundo de “Sunset Overdrive”, game de ação em terceira pessoa que foi lançado nesta semana exclusivamente para o console de última geração da Microsoft, o Xbox One. E isso não é algo ruim. O novo título da Insomniac Games se passa num futuro em que as pessoas foram transformadas em mutantes após beberem uma marca de energético. Simples assim – o foco é a diversão de jogar o título, e não o roteiro, dizem os desenvolvedores.
A missão do jogador é sobreviver ao apocalipse que se abateu sobre a psicodélica Sunset City enfrentando monstros, outros sobreviventes e robôs malignos. Só que o mundo pós-apocalítptico de “Sunset Overdrive” é quase um playground punk rock extremamente colorido, em contraste com cenários de games típicos de fim do mundo, mais sombrios. O fortão morre e o “zé ninguém” da cidade é quem vira o herói.
Essa dinâmica de uma aventura descompromissada, sem uma grande história por trás, provavelmente teria se mostrado chata e repetitiva se não fossem as habilidades sobrenaturais do protagonista de correr pelas paredes e deslizar sobre corrimões, no melhor estilo dos jogos de skate da série “Tony Hawk”. O sistema de navegação pela cidade praticamente exige que você não toque o chão. Tudo isso ao som de muito punk rock e com um arsenal de armas surrealistas, como lançadores de ursinhos de pelúcia explosivos e um arremessador de discos de vinil, de propriedades ricocheteadoras.
Para Marcus Smith, diretor criativo na Insomniac, isso significa uma volta às raízes dos games, a busca pela diversão em vez de tentar transformar os jogos em filmes de cinema.
Cheio de referências. “Sunset Overdrive” é repleto de boas sacadas. Faz referências a outros produtos da indústria de entretenimento e por vezes tira sarro de sua própria estrutura narrativa.
A mistura de elementos da cultura pop se reflete nas roupas e nos acessórios dos personagens, que podem vestir desde camiseta e calça jeans até máscaras de lutadores e armaduras medievais. Quando o jogador morre, por exemplo, as animações de renascimento satirizam filmes como “Exterminador do Futuro”, “Bill & Ted” e “Missão Impossível”.
Para os pais, uma boa notícia: o game fala uma avalanche de palavrões, mas eles podem ser bloqueados. Quem já jogou garante que a experiência nonsense do game chega intacta ao público brasileiro graças à dublagem nacional, que localiza com consciência várias gírias e usa vozes conhecidas. O jogo premia os criativos: quanto mais variedade nas lutas, por exemplo, mais forte você fica.
Lançado por R$ 199, “Sunset Overdrive” rende pouco mais de dez horas de jogo, algumas risadas e sequências explosivas que seriam a cara de uma animação criada por Michael Bay, de “Transformers”.
Flash
Resumo. “Sunset Overdrive” é um game de tiro um pouco diferente. Sai a tradicional temática militar e entra um mundo frenético e colorido, onde o jogador deve fazer acrobacias para sobreviver.