RIO DE JANEIRO. Os recentes ataques de vírus em computadores acenderam o alerta para os cuidados que devem ser tomados a fim de evitar prejuízos às empresas. O que pouca gente sabe é que é possível contratar um seguro para esses casos. No Brasil, só duas seguradoras atuam no segmento hoje: AIG e XL Catlin. Mas outras três já se organizam para disputar o nicho: Zurich – já com autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) –, Allianz e Generali.
“Este é um mercado emergente, que tende a crescer muito. Estudos mostram que pode chegar a US$ 5 bilhões em 2018 e US$ 18 bilhões em 2025 em todo o mundo”, afirma José Antônio Varanda, coordenador da graduação tecnólogo em gestão de seguros da Escola Nacional de Seguros.
Se nos Estados Unidos e na Europa a cultura de seguros cibernéticos está mais disseminada, no Brasil ainda há muito a avançar, aponta a gerente de linhas financeiras da corretora Willis Towers Watson, Ana Albuquerque. “A gente espera que o mercado se torne mais maduro e ativo no Brasil. Os últimos episódios devem ajudar”, disse, referindo-se ao ataque mundial do vírus WannaCry.
Perda ou danos de ativos digitais, lucro cessante, pagamento por sequestro de dados, gastos com gestão de crises ou administração de danos à imagem estão entre as coberturas presentes nos seguros contra riscos cibernéticos. Também costumam estar incluídas despesas operacionais necessárias para que a empresa retome suas operações no caso de um ataque.
Há um cuidado especial para prever possíveis indenizações a clientes que possam ser prejudicados no caso de um ataque cibernético, como no caso de instituições financeiras e hospitais. “É possível optar por pagamento de indenização no caso de danos a terceiros, como um banco que sofre um ataque e perde dados de clientes”, diz o gerente de linhas financeiras da AIG Brasil, Flávio Sá.
WannaCry. Cerca de 250 empresas brasileiras foram afetadas pelo ataque global de hackers do último dia 12, que disseminou o vírus WannaCry para sequestrar informações de computadores de empresas e instituições em 150 países. O número consta de levantamento no site MalwareTech. O Brasil é considerado pela empresa de segurança Kaspersky o sexto país mais vulnerável a vírus do tipo ramsonware – que bloqueia os arquivos de um computador até o pagamento de um resgate –, atrás de Rússia, Ucrânia, China, Índia e México. No ano passado, o país sofreu 64,2 mil tentativas de invasão por dia, segundo a Symantec, quase três vezes mais que no ano anterior.
Rússia
Grupo rouba dados usando smartphones
Criminosos da Rússia usaram um malware em celulares com sistema Android para roubar clientes de bancos, e planejavam atacar bancos europeus, informaram investigadores a par do caso. O ataque deles roubou o equivalente a US$ 892 mil.
Clientes foram induzidos a baixar o malware por meio de aplicativos bancários falsos, além de programas de pornografia e comércio digital, de acordo com relatório da empresa de segurança Group-IB, que investigou o ataque com o Ministério do Interior da Rússia. Dezesseis suspeitos foram presos em novembro do ano passado, mas o caso só se tornou conhecido agora. (Da redação)