São Paulo. Mesmo com o acesso às informações facilitado hoje, quando o assunto é a saúde das crianças de zero a 2 anos, a desinformação ainda predomina nas famílias brasileiras. É o que aponta pesquisa feita pelo Ibope Conecta em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e divulgada nesta terça-feira (24), no lançamento da campanha nacional #mais que um palpite. No levantamento, mil pessoas de todas as classes sociais – 60% mães e 40% pais – foram entrevistadas online.
A maioria (94%) concorda que a vacinação é necessária nessa idade. No entanto, mais de 20% (quase um em cada quatro) têm dúvidas completas ou parciais sobre o tema – o que é preocupante, alerta o pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP.
Os resultados mostram que um em cada quatro pais concorda, parcial ou totalmente, com a ideia de que as doenças mais comuns na infância seriam inofensivas e que o organismo das crianças poderiam superá-las naturalmente. E um em cada três entrevistados acredita que higiene e cuidados pessoais seriam suficientes para prevenir essas enfermidades. O que, alertam os médicos, não é verdade.
Chuva, vento e sereno foram elementos mais lembrados por 63% dos entrevistados, quando questionados quais eram os sintomas que mais expunham os pequenos às doenças infectocontagiosas. Por outro lado, fatores que, de fato, favorecem a transmissão dessas doenças, como a permanência em locais fechados e o convívio com outras pessoas dentro casa, estão entre os menos citados.
“Percebemos uma predominância maior de desinformação nos pais mais jovens, entre os 18 e 30 anos, principalmente de primeira viagem. São pessoas que vivem uma realidade de conexão constante com a tecnologia, que acabam recorrendo à ela para procurar saber o que deve ser feito, quais são as precauções a serem tomadas, bem como possíveis tratamentos” afirma o médico pediatra Clóvis Constantino, vice-presidente da SBP.
Constantino destaca que, para uma mudança de cenário favorável, é necessário que mães, pais e responsáveis possuam uma conexão permanente com o especialista médico. “O pediatra sempre será a figura de maior confiança e prestígio para garantir a qualidade de saúde dos bebês, das crianças e dos adolescentes. Precisamos evitar que ele seja substituído pela tecnologia – que deve sim, ser uma aliada, mas não a ferramenta principal que dá a última palavra”, adverte.
A jornalista viajou a convite da Pfizer.
País tem 40% das crianças na pobreza
Brasília. Levantamento da Fundação Abrinq retrata a situação precária em que vivem crianças e adolescentes no país. A nova edição do chamado “Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil” mostra que 40,2% daqueles que têm até 14 anos vivem em situação de pobreza; cerca de 4 milhões de crianças moram em favelas; e 17,5% das adolescentes foram mães antes dos 19 anos. O documento reúne mais de 20 indicadores sociais relacionados às crianças e adolescentes, como mortalidade, nutrição e gravidez na adolescência.