Quadrilha

Grupo levou R$ 2 mi em pneus

Ao menos dez assaltos foram feitos a lojas especializadas no equipamento na região metropolitana

Qui, 10/11/16 - 02h00
Detidos. Quadrilha foi apresentada pela Polícia Civil, mas líder e membro mais perigoso segue foragido | Foto: Bruno Inácio

Cinco homens, que integravam uma quadrilha de roubo a revendedoras de pneus de caminhão, na região metropolitana de Belo Horizonte, foram apresentados nessa quarta-feira (9) pela Polícia Civil. O grupo cometeu pelo menos cinco assaltos nos últimos dez meses a grandes estabelecimentos do ramo e já causou prejuízo de mais de R$ 2 milhões com as ações, levando os produtos e revendendo por um preço abaixo do de mercado. O líder da gangue está foragido.

Os suspeitos foram presos enquanto assaltavam uma loja em Contagem, na região metropolitana, no início de agosto. “Nós recebemos as informações de vários assaltos que aconteciam da mesma maneira e começamos a monitorar as ações do grupo”, disse o delegado Gustavo Barletta, responsável pelas investigações do caso.

Os policiais descobriram que Luiz Henrique Santos Juventino, 22, Gilberto Martins dos Santos Filho, 28, Tássio Luiz Mariano Gonçalves Filho, 22, Ademir Moreira da Silva, 44, e Helbert Luz da Silva, 39, escolhiam feriados ou finais de semana para praticar os crimes. “Eles preferiam esses dias, pois consideravam que as lojas não teriam muitos seguranças e que o fluxo de funcionários seria reduzido”, explicou o delegado.

Ação. As investigações apontam que o grupo agia sempre da mesma forma. Primeiro, dois dos integrantes chegavam em um carro roubado e abordavam os seguranças das revendedoras, anunciando o assalto. Enquanto mantinham os funcionários reféns em um cômodo, os outros três suspeitos carregavam a maior quantidade possível de pneus de caminhão. “Algumas das vítimas relataram que eles agiam de forma truculenta, fazendo muitas ameaças com armas de fogo”, contou Barletta.

Para transportar os pneus, os homens usavam veículos da própria concessionária. Os uniformes dos funcionários das empresas também eram levados e usados em outros roubos. O objetivo era que quando alguém observasse os suspeitos em ação, não desconfiasse que o transporte, na verdade, se tratava de roubo. “Os pneus eram escolhidos porque, além de serem caros, possuem alto poder de revenda”, afirmou Barletta.

Apontado como líder da quadrilha, Max Amorim Santos, 31, irmão de Juventino, está foragido. Ele estava com os suspeitos no dia em que foram presos, mas conseguiu fugir. Segundo o delegado, ele seria conhecido em Esmeraldas, na região metropolitana, por seu envolvimento com a criminalidade.

Santos seria, de acordo com a Polícia Civil, o mentor das ações do bando, sendo responsável não só por escolher as lojas que seriam alvo das ações, mas também por recrutar os outros membros do grupo. “Ele é conhecido como um dos mais violentos e truculentos da quadrilha. Temos a certeza de que, mesmo após a prisão do grupo, ele pode recrutar novos membros para continuar a praticar este tipo de crime”, opinou o delegado.

Todos os suspeitos negaram a participação nos crimes e disseram que foram usados como laranjas por Santos e Juventino. Eles alegaram que foram contratados por R$ 150 apenas para fazer o transporte do material para os dois.

Crimes. Os cinco suspeitos já possuem passagem por roubos. Segundo a Polícia Civil, eles responderão por associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo e roubo qualificado, já que as vítimas eram mantidas reféns.


Saiba mais

Sem ostentar. Apesar de roubarem produtos de alto valor, o grupo não tinha um padrão de vida alto.

Endereços. Os homens moram nos bairros Madre Gertrudes, na região Oeste de Belo Horizonte, e em Contagem e Esmeraldas, na região metropolitana.

Valores. O grupo levava cerca de 400 pneus por roubo. Cada peça custa cerca de R$ 1.300. Celulares e veículos também eram levados.


Investigação

Produtos tinham compra garantida

Com a prisão dos suspeitos, a Polícia Civil agora tenta identificar os receptadores dos produtos roubados, para que eles respondam criminalmente pelas compras dos pneus sem notas fiscais. A dificuldade, porém, está em comprovar o crime, já que o material roubado não possui número de série.

De acordo com o delegado Gustavo Barletta, os investigadores já conseguiram localizar alguns dos clientes da quadrilha. “Pelo que conseguimos apurar, eles (os bandidos) não ficavam mais de 24 horas com esses produtos em mãos. Nós acreditamos que eles tenham receptadores certos, até por causa do valor dos pneus”, disse.

Caso os compradores sejam identificados, e o crime, comprovado, os suspeitos responderão por receptação de produto roubado, com pena que vai de um a quatro anos de prisão e multa. “Tivemos informações de alguns prováveis clientes da quadrilha, que agora estão alertas, pois sabem que são investigados”, disse Barletta.
 

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