Pampulha

Poluição diminui na lagoa, mas esgoto vaza perto da Igrejinha

Prefeitura constatou derramamento e acionou a Copasa para reparo do problema e verificação da bacia

Sex, 09/09/16 - 03h00

Quem passou perto da Igrejinha da Pampulha, agora Patrimônio da Humanidade, nesse feriado de 7 de setembro, pôde sentir o mau cheiro e ver a presença de algas verdes na lagoa em frente à praça da avenida Fleming. Nesse trecho, identificado pela Prefeitura de Belo Horizonte como Enseada do Tijuco, houve um vazamento na rede de esgoto que acarretou na proliferação desses seres, que “roubam” oxigênio da água e provocam odor. Esse problema foi confirmado nessa quinta-feira (8) durante apresentação dos resultados da limpeza do local.

“Um derramamento de esgoto levou a proliferação de algas não esperadas na lagoa, e ficou uma situação bastante ruim. Uma rede de esgoto pode se romper, entupir, isso é normal em qualquer cidade. A notícia boa é que não trouxe consequências ao longo do espelho d’água”, afirmou o gerente de Gestão de Águas Urbanas da Secretaria de Obras e Infraestrutura, Ricardo Aroeira.

Segundo ele, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) já foi acionada para resolver a questão e fazer uma varredura na bacia para verificar as necessidades de ações corretivas. Já a Copasa informou que técnicos da empresa estavam na avenida Fleming nessa quinta-feira (8) para identificar o problema e fazer a manutenção necessária.

Resultados. Nessa quinta-feira (8), a prefeitura divulgou os resultados da terceira amostragem, realizada em junho, para avaliar o andamento dos trabalhos de recuperação da água. Ficou constatado, conforme o Executivo, que os bons indicadores obtidos nas duas primeiras etapas foram mantidos e ampliados.

O prefeito Marcio Lacerda comemorou os resultados da verificação de junho. “A redução (dos indicadores de poluição) demonstra que o contrato (com o consórcio Pampulha Viva) está superando as metas parciais. O aspecto da lagoa demonstra isso para quem frequenta as margens. É um momento positivo porque tem aumentado muito a visitação, com a conquista do título de patrimônio”. O investimento nesses serviços é de cerca de R$ 30 milhões. Em outubro serão apresentados os resultados deste terceiro trimestre do ano.

Depois da conclusão da limpeza da lagoa, conforme Aroeira, a Pampulha não estará livre “dessas intercorrências”, como a registrada perto da Igrejinha. “O trabalho de atenção à lagoa será feito para sempre”, considera. Há dois períodos mais críticos para a qualidade dos cursos d’água: o atual, quando o tempo está seco, porque a insolação ajuda na proliferação de algas, e nas épocas de chuvas, daqui a dois meses, em que a poluição é carreada para a lagoa. “É possível que se expliquem eventuais pioras em outubro”, adiantou-se.

Saiba mais

Indicadores. Três dos cinco parâmetros considerados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente para o enquadramento da água na classe 3 (livre de florações de algas, de maus odores e da mortandade de peixes) foram atingidos: DBO (matéria orgânica), coliformes termotolerantes (microrganismos patogênicos) e clorofila-A.

Redução. Foram mantidos os indicadores alcançados na segunda amostragem, de maio, e avançou-se mais. Houve redução de 67,6% do índice de fósforo e do de 41,4% de cianobactérias, resultados superiores, em ambos os casos, aos 30% previstos para esta etapa. 

Trabalhos. A prefeitura iniciou a recuperação da qualidade da água da lagoa em março. Na classe 3, será possível utilizar a lagoa para a prática de atividades em que o contato com a água seja esporádico ou acidental. 

Velejar só no ano que vem

A expectativa de Marcio Lacerda é velejar na lagoa, mas só quando ele deixar o cargo, no ano que vem. “Tenho que ter tempo para isso”, disse. Mas é que a Copasa só deve terminar os trabalhos na rede de esgoto em junho de 2017.

Lacerda citou licitações que devem ser lançadas para a orla como a do ônibus turístico, nos próximos 15 dias, e as do táxi aquático e das rampas para barcos. Essas, sem data. (JS)

Frase

“Em qualquer periferia existe essa cultura de jogar lixo nos cursos d’água. Fazemos a limpeza várias vezes por ano, o contrato custa caro. Pedi à Sudecap que pensasse em grades removíveis para segurar o lixo antes de ele chegar na lagoa.”
Marcio Lacerda
Prefeito

 

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