Eleições 2020

Partidos até dobram número de candidatos para crescer no interior

Estratégia tem sido adotada diante de disputa pulverizada e veto a coligações na corrida por vagas de vereador

Eleições municipais são desafios para partidos grandes | Foto: Nelson Jr./TS
Rômulo Almeida
21/09/20 - 06h34

Diante de uma disputa pulverizada nas eleições deste ano e da impossibilidade de coligações na corrida por cargos nas Câmaras Municipais, partidos tradicionais e/ou com grande representatividade apostam na estratégia de lançar um número de candidatos superior ao de outros anos, visando aumentar as chances de emplacar prefeitos em Minas. O PSD, por exemplo, pensa em quase dobrar o número de postulantes ao cargo em comparação com a disputa de 2016. Além dessa, siglas como PSDB, DEM, PT e MDB esperam que essa estratégia lhes garanta maior penetração no interior.

Nas 15 maiores capitais do país o movimento se repetiu, com um aumento de 35% (de 136 para 184) no total de inscritos para concorrer às prefeituras, em comparação com 2016, segundo levantamento feito pelo jornal “O Globo”. Em BH, 2020 terá 16 candidatos caso todos os nomes aprovados em convenção formalizem suas candidaturas – um recorde desde a redemocratização do Brasil. Até então, a capital tinha tido o máximo de 11 concorrentes.

Exemplos

Os democratas, que em 2016 lançaram 140 candidatos às prefeituras mineiras, neste ano devem ser representados por 220 aspirantes ao cargo. “A expectativa do Democratas em Minas é aumentar o número de prefeitos eleitos em relação a 2016. Temos candidaturas consistentes em muitos municípios e acreditamos que aumentaremos a presença do partido no Estado”, explica o senador Rodrigo Pacheco, presidente do DEM mineiro.

Na mesma linha de investimento em mais nomes, o PSD deve aumentar em quase o dobro o número de candidatos em 2016, quando foram 130 nomes. Segundo o presidente do partido em Minas, o senador Carlos Viana, a ideia é elevar em 100% a quantidade de prefeitos da legenda – segundo a assessoria do partido, 250 candidatos foram definidos em convenções locais.

“Nossa expectativa é de pelo menos dobrar o número atual de prefeitos. Os grupos foram selecionados não somente pela questão da estrutura ou da tradição política local, mas principalmente pelos projetos em relação à vida pública”, diz Viana. 

O PSDB, que nas últimas eleições foi recordista em candidaturas, com 270, vai aumentar ainda mais a aposta. “Acreditamos que vamos ter um maior número de prefeitos eleitos, até porque temos mais candidatos em relação a 2016”, afirma o deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente da sigla em Minas. O PSDB não informou a quantidade de pré-candidatos definidos até a conclusão desta reportagem. 

Sem número

MDB e PT não informaram o número de candidatos a prefeituras, mas o presidente do diretório mineiro petista e deputado estadual Cristiano da Silveira confirmou a expectativa de crescimento – na disputa de 2016, foram 195 nomes. “Estamos participando de disputas em grandes e médias cidades. Nas 9 cidades com segundo turno, o PT tem candidatos próprios em 8, e, em Ribeirão das Neves compõe com o vice junto ao PCdoB”, analisou.

O MDB deve manter o número de 158 candidatos ao Executivo em Minas em comparação com o pleito de 2016, mas investe no número de vereadores. “A previsão é manter o número de prefeituras das últimas eleições. O número de vereadores tem possibilidade de crescer em virtude do aumento de quadros lançados no Estado”, revela Newton Júnior, presidente da sigla em Minas.

Análise

Carlos Barbosa, analista político da Una, vê como positiva a estratégia de lançar vários nomes às prefeituras. “Hoje não há uma liderança capaz de alavancar votos para agentes municipais”, avalia.

Já o cientista político Vladimir Feijó acredita na proximidade com o eleitor como o ponto mais relevante. “Para eleição local, o fator conhecimento segue sendo mais importante que o programa ou o bloco ideológico”, diz.

 

 

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