Mesa sem fazer reservas

Comer, na maioria dos bons restaurantes em todo o mundo, requer reservas antecipadas. Porém, é um alívio saber que alguns deles trabalham “sem reservas”. O inconveniente é que existe a chance de a espera ser longa, mas, com tempo livre, paciência e a comida sendo excelente, vale a pena.

Às vezes, em uma viagem a lazer, o horário marcado para comer é um fator de estresse, pois a visita ao museu ou uma compra tem que ser interrompida às pressas e há, ainda, a (justa) penalização financeira em caso de cancelamentos em cima da hora, que será debitada no cartão de crédito oferecido como garantia.

Ninguém é especial num restaurante que não faz reserva. Logo, quem chega cedo senta logo. Chega a ser engraçado ver os clientes que chegam na hora “VIP”, no auge do movimento, com a cara impávida e ficam irritados ao ver que a “sua mesa” não está disponível.

Paris

A vaidade à mesa pode trazer momentos difíceis. Os brasileiros, às vezes, ficam revoltados com o costume parisiense de pedir para que o cliente vá embora. Jantar degustado, conta paga, depois de dez minutos de tolerância, o maître chega e pede para que a mesa seja desocupada para sentar quem está na fila. Não é nada pessoal, é “business”, muita gente acha que tem o direito de passar o resto da noite batendo papo na mesa do restaurante, sem pedir nem mais uma água sem gás (deve ser o prazer de ser objeto do desejo da fila de espera).

Um dos melhores bistrôs de Paris, o Le Comptoir du Relais, do célebre chef Yves Camdeborde, não faz reserva. O serviço é contínuo nos sete dias da semana, a partir do meio-dia. Outro teste para a vaidade pessoal é suportar o tom parisiense agressivo da hostess, que parece não fazer a menor questão de sua presença (mas que, depois de três visitas à casa numa mesma temporada, ganha-se direito a “tchauzinhos” simpáticos dela).

O Les Cocottes, de Christian Constant, é sempre lotado e animadíssimo e também não aceita reservas. Mas pode-se começar a beber champanhe ou vinho na fila e, com isso, a espera acaba ficando agradável.

Nova York

O Gramercy Tavern, em Nova York, não aceita reservas aos sábados. Assim, a fila começa na porta às 11h30, enquanto o restaurante abre ao  meio-dia e, às 12h15, está literalmente lotado. Um dos melhores restaurantes do Brooklyn em Nova York,  o Roberta’s Pizzeria (além da pizza, a comida é excelente) também não faz reserva, assim como o boteco chique Pipo, de Felipe Bronze, no Rio, e o badalado Spot, de São Paulo, é chegar e (talvez) sentar.

Que a vaidade vá para a fogueira! Às vezes, há uma grande leveza em decidir de repente onde comer (e bem) fora.

Receita

CAMARÃO RÉVEILLON

Ingredientes: 800g de camarões grandes + 1 camarão para fazer o molho, sal e pimenta-do-reino moída na hora, 1 colher (sopa) de ovas de capellini ou lumpfish, 2 colheres (sopa) de azeite de oliva extravirgem

Para o molho: 2 colheres (sopa) de manteiga sem sal, 1/3 xícara de cebola roxa picada, 1 dente de alho picado, 1/2 xícara de água, 1 xícara de espumante brut, 1/2 xícara de creme de leite fresco, 2 colheres (sopa) de cebolinha verde picada, sal e pimenta-do-reino moída na hora

Preparo do molho: Em uma panela, aqueça a manteiga e doure a cebola roxa por dois minutos. Acrescente o camarão, tempere-o com sal e pimenta e misture. Coloque a água e o espumante, ferva por mais cinco minutos em fogo baixo. Bata no liquidificador, volte com esse molho para a panela, aqueça-o ligeiramente e acrescente o creme de leite fresco. Tempere com sal e pimenta e reserve. Na hora de servir aqueça ligeiramente e acrescente a cebolinha picada.

Preparo do camarão: Tempere os camarões com sal e pimenta-do-reino e reserve. Em uma frigideira, aqueça o azeite e doure os camarões, um lado de cada vez.

Montagem: Em pratos individuais, coloque os camarões, cubra-os com o molho aquecido e acrescente o caviar. Sirva imediatamente com chips de batata doce.