Mineiros na Copa

Éder Aleixo, o bomba de 1982

Convocado por Telê Santana para jogar a Copa de 1982, Éder encantou a Espanha e o mundo ao lado de Cerezo, Júnior, Zico e Falcão

Ter, 03/06/14 - 03h00

Éder Aleixo de Assis, 57, ou apenas Éder, foi uma espécie de homem-bomba do futebol brasileiro, sempre pronto a explodir. O mecanismo responsável por disparar da potente perna esquerda do ponta uma das patadas mais fortes do esporte também produzia uma alta combustão no temperamento do atleta. Natural de Vespasiano, na Grande Belo Horizonte, Éder foi revelado pelas categorias de base do América, de onde saiu para o Grêmio, de Porto Alegre. Mas foi no Atlético, a partir de 1980, onde o jogador se mostrou como um dos grandes craques daquela geração.

Convocado por Telê Santana para jogar a Copa de 1982, Éder encantou a Espanha e o mundo ao lado de Cerezo, Júnior, Zico e Falcão. Fez dois golaços naquele Mundial, contra a União Soviética e a Escócia, sempre com a habilidosa canhota. Também foi decisivo na vitória contra a Argentina. O ponta-esquerda acertou o travessão do goleiro adversário com um petardo disparado de longa distância. A bola, caprichosamente, bateu na parte interna do ferro e quicou sobre a linha do gol, sobrando para Zico só empurrar para as redes. Além do canhão e do talento na perna esquerda – ganhou o apelido de “Exocet” (míssil francês antinavio) –, Éder também fez sucesso fora de campo na Copa da Espanha. Eleito um dos atletas mais sensuais do torneio, ele recebeu milhares de cartas de fãs com pedido até de casamento. A derrota para a Itália no estádio Sarrià por 3 a 2 e a desclassificação do torneio não diminuíram o brilho de Éder e daquela memorável seleção brasileira.

Gênio explosivo tirou Éder da Copa de 1986

O ponta-esquerda do Galo e da seleção brasileira poderia ter jogado outra Copa do Mundo e ter tido uma bem sucedida carreira no exterior. Éder, porém, esbarrou na sua própria fama de mau. Sua escalação para o Mundial do México, em 1986, era certeira, mas o gênio explosivo o colocou, às vésperas da competição, fora da lista do disciplinador Telê Santana, intransigente com o respeito ao fair-play. Em um amistoso contra o Peru, em São Luís (MA), o camisa 11 deu um tapa na cara de um adversário na lateral do campo. Nunca mais vestiu a camisa canarinho em jogos da seleção principal.

Clubes. Jogou no América, Grêmio, Atlético, Internacional de Limeira-SP, Palmeiras, Santos, Sport, Botafogo, Atlético-PR, Cerro Porteño (Paraguai), Fenerbahce (Turquia), União São João de Araras- SP, Guará-DF e Montes Claros.

Gols. Fez nove gols pelo Brasil em 53 partidas, sendo dois em uma Copa. Contra a União Soviética, matou a bola após corta-luz e, antes de a redonda quicar, soltou um chute indefensável diante de um estático Dasaev.

Saldanha. Em entrevista antes da Copa de 1986, no México, Éder, cortado por Telê por indisciplina, ganhou o apoio de João Saldanha. O treinador disse que não queria Éder para casar com sua filha, mas que o ponta teria lugar garantido em sua seleção.

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