Discurso

Brasil e EUA falam em incentivar o setor privado na Amazônia

Chanceleres dos dois países se reúnem em Washington para debater parceria; Araújo volta a dizer que preocupação externa com o setor ameaça soberania

Por AFP
Publicado em 14 de setembro de 2019 | 06:00
 
 
 
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Dois dos principais críticos do Acordo do Clima de Paris, Estados Unidos e Brasil disseram, ontem, que vão promover o desenvolvimento do setor privado na Amazônia, onde o aumento do desmatamento e os incêndios geraram alarme mundial recentemente.
Reunidos em Washington, os principais diplomatas dos dois países prometeram avançar na cooperação estratégica, com a qual seus presidentes, Donald Trump e Jair Bolsonaro, comprometeram-se em março.

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, voltou a responder às críticas europeias sobre como o governo Bolsonaro administrou os recentes incêndios na Amazônia.

“Em todo mundo, vemos algumas ideias que questionariam a soberania, no caso do Brasil, de que não podemos enfrentar os desafios ambientais. Não é certo, e nossos amigos nos Estados Unidos sabem que não é certo”, disse Araújo, após se reunir com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

Para o Brasil, afirmou Araújo, é possível proteger a Amazônia apenas gerando desenvolvimento. Segundo ele, a associação com os Estados Unidos é crucial para isso.

“Queremos estar juntos no esforço de criar desenvolvimento para a região amazônica, o qual estamos convencidos de que é a única forma de proteger realmente a selva. Precisamos de iniciativas, novas iniciativas produtivas, que gerem empregos, que gerem renda para as pessoas na Amazônia. E ali é onde nossa associação com os Estados Unidos será muito importante para nós”, acrescentou.

Agilização

Pompeo prometeu ampliar o intercâmbio comercial entre Estados Unidos e Brasil, que hoje representa US$ 100 bilhões. “Este mês, equipes brasileiras e americanas vão avançar no compromisso que nossos presidentes fizeram em março para um fundo de investimento de impacto de US$ 100 milhões por 11 anos para a conservação da biodiversidade amazônica. Esse projeto será liderado pelo setor privado”, afirmou.

Funcionários americanos disseram que o fundo busca apoiar investimentos em setores de alto risco e de difícil acesso da Amazônia para estimular negócios bem-sucedidos que estejam alinhados com a conservação das matas e da biodiversidade.

"Satélites têm erros"

Durante reunião fechada com investidores e empresários americanos, o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) criticou os dados divulgados sobre o aumento das queimadas na Amazônia e fez críticas a levantamentos baseados em satélites que, segundo ele, não diferenciam “fogueiras de acampamento” de “grandes incêndios”.

Araújo distribuiu papéis produzidos pela embaixada do Brasil em Washington com dados para respaldar seu discurso de que as queimadas na floresta estão na média dos índices registrados nos últimos 15 anos.

O chanceler encerrou seu discurso sobre a relação entre Brasil e EUA com a mensagem de que os incêndios que atingem a Amazônia – com repercussão internacional – não são de grande proporção nem fruto de uma política ambiental negligente do governo Jair Bolsonaro.

 

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