A dois dias da transferência de poder, o presidente argentino em final de mandato, Maurício Macri, e seu sucessor, Alberto Fernández, assistiram juntos a uma missa na Basília de Luján, durante a qual se pediu união no país.
“O respeito pelo outro é a base da sociedade. Devemos manter a unidade e a paz. Não caia na tentação de querer destruir o outro”, disse o arcebispo Jorge Scheinig em sua homilia em uma cerimônia ao ar livre, em frente à Basílica de Luján, 70 quilômetros a oeste de Buenos Aires, diante de centenas de fiéis. Macri e Fernández não deram declarações. Suas companheiras, Juliana Awada e Fabiola Yáñez, respectivamente, e membros de ambos gabinetes também participaram da missa.
No sábado, milhares de apoiadores de Macri despediram-se dele em um comício, em um país em crise pela recessão, a pobreza, a inflação e a dívida. Em seu discurso, do alto de um palanque ao lado da esposa, o liberal destacou “a presença das mulheres”, que eram maioria na Praça de Maio, que estava lotada. “Maurício, querido!”, repetiam os participantes do ato de despedida na histórica praça em frente à Casa Rosada.
“Temos que cuidar da nossa Argentina, que não a roubem”, disse o presidente, que responde a quase uma centena de ações judiciais, entre elas de corrupção por negócios em autoestradas, correios e energia eólica.
Desafios
Com discurso pragmático, Fernández se prepara para o primeiro problema que deverá enfrentar: a renegociação da dívida, tanto com o Fundo Monetário Internacional (US$ 44 bilhões recebidos desde 2018) como com proprietários de títulos. No total, a dívida externa argentina passa de US$ 315 bilhões, quase 100% de seu Produto Interno Bruto (PIB).
Para essa tarefa, escolheu Martín Guzmán, um colaborador do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz. “Com o FMI já estamos trabalhando”, tem insistido o peronista.
A economia terminará o ano em queda de 3,1%, inflação em torno de 55%, pobreza em cerca de 40%, desemprego em 10,4% e uma desvalorização monetária de quase 40% – índices piores do que quando Cristina Kirchner encerrou seu mandato em 2015.
Todavia, apesar do duro panorama econômico, Fernández terá um país com paz social, o Congresso ao seu lado e tempo, até os vencimentos da dívida.