O operador de produção Jorge Wilson foi um dos 8.449 trabalhadores betinenses que perderam o emprego em 2016. Após seis anos trabalhando em uma empresa de que fabrica peças automotivas, ele foi despedido em outubro passado.
“Foi ruim, porque nessa crise que o país vive hoje ficar sem emprego é complicado. Mesmo assim, já comecei a me cadastrar em agências de emprego, atualizar dados em outros cadastros e pedir indicações de amigos que souberem de alguma vaga” disse. “Ficar no seguro-desemprego é que não dá mais”, completou.
Pela terceira vez consecutiva, Betim encerrou um ano demitindo mais gente do que contratando, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foram 8.499 vagas perdidas. Apesar do resultado ruim, o saldo foi um pouco melhor que o registrado em 2015, quando 9.858 postos de trabalho foram fechados.
Segundo o Caged, a indústria de transformação, um dos principais setores empregadores da cidade, foi responsável por 72,7% do total de vagas extintas em 2016, com o fechamento de 6.182 empregos. O segundo setor que mais fechou vagas no ano passado foi o de serviços, com 1.415 vagas a menos no mercado.
A construção civil foi outra área com perda de empregos. O setor, que até chegou a apresentar saldo positivos em alguns meses, fechou o ano com 758 vagas a menos.
Dos oito setores pesquisados pelo Caged, apenas dois apresentaram resultados positivos no ano passado. A agropecuária criou 130 vagas formais, e a administração pública, 23.
Para o professor de economia do Ibmec Sérgio Guerra, a expectativa é que esse cenário persista nos próximos meses. “Mesmo se a atividade econômica for retomada, ainda leva um tempo para que as contratações sejam realizadas de maneira mais significativa. Possivelmente, algumas empresas irão persistir nesse cenário ainda este ano”, afirmou.
A Superintendência de Trabalho e Renda do município está sendo reestrutura com objetivo de atrair empresas e ofertar mais vagas. “Com o licenciamento provisório que será implantado e a reestruturação pela qual passará a superintendência, vamos buscar captar mais vagas de emprego e oferecer cursos de capacitação”, disse o futuro superintendente Antônio Carlos Rocha.